O setor florestal brasileiro está baseado na utilização das madeiras de Eucalyptus e Pinus, com destaque para o último no estado de Santa Catarina. Visando diversificar a base florestal para usos industriais, e fornecer informações sobre espécies que possam vir a serem alternativas, tornam-se fundamentais estudos que visem a caracterização de madeiras. Nesse sentido pode-se destacar a espécie Podocarpus lambertii, que é uma conífera nativa do sul do país, e que apresenta potencial de uso. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo avaliar a qualidade da madeira de P. lambertii visando à produção de polpa celulósica de fibra longa. Para isso foram coletadas cinco árvores com 26 anos de idade, originárias de um plantio experimental localizado em Campo Belo do Sul/SC. Destas foram retirados discos para determinação da densidade, composição química e morfologia dos traqueídeos. As densidades básica (0,397 g/cm³) e verde (0,907 g/cm³) obtidas possibilitaram classificar a madeira como leve ou de baixa densidade. Em relação à composição química, observaram-se teores de cinzas (0,69%) e extrativos (4,40%) dentro do esperado para a madeira de coníferas, porém o teor de lignina foi elevado (36,99%), e o teor de holocelulose baixo (58,61%). As dimensões dos traqueídeos, comprimento (1,92 mm), largura (35,06 μm), diâmetro do lúmen (25,55 μm) e espessura da parede celular (4,75 μm), permitiram classificá-los como moderadamente longos e espessos. Os indicadores anatômicos de qualidade, fração parede (28,08%), coeficiente de flexibilidade (71,88%), índice de Runkel (0,41) e índice de enfeltramento (53,71), foram considerados muito bons para produção de polpa e papel, com base nas classificações relatadas na literatura. De modo geral, os resultados obtidos foram satisfatórios, indicando que a espécie merece atenção e estudos mais aprofundados, podendo ser uma alternativa ou complemento ao segmento de fibras longas, que hoje é abastecido exclusivamente pelo gênero Pinus no Brasil.