A pandemia de covid-19 acarretou mudanças na atuação de psicólogas. Para dar conta das particularidades impostas pela crise, muitas psicólogas geriram suas atividades com base em escolhas, arbitragens e valores. O presente artigo tem como objetivo relatar a experiência de trabalho de um coletivo de psicólogas pertencentes ao setor de Psicologia de uma instituição militar, durante o período de pandemia, no estado do Amazonas. Realizou-se uma revisão de literatura e reflexões acerca da atividade dessas profissionais a partir da Ergologia (Schwartz e Durrive, 2022) e Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 2012). A análise evidenciou os “debates de normas e renormatização” (Schwartz, 2014) que produziram deliberações e implementações de novas formas de trabalhar; bem como a organização do trabalho e relações sociais implicadas no trabalho em home-office de uma mulher-mãe. Constatou-se o aumento da demanda por atendimento psicológico e a necessidade de ajustar a escuta clínica à modalidade remota. O trabalho e as competências das psicólogas se desenvolveram e compuseram um repertório pessoal, uma ampliação da subjetividade. Entendeu-se também que as vivências institucionais, o encontro com colegas de trabalho e as condições de trabalho físicas constituíram aspectos fundamentais do trabalho, demonstrando ser um aparato não apenas material, mas, sobretudo, de organização subjetiva.