A realização deste trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da insuflação uterina com mistura gasosa oxigênio-ozônio sobre o endométrio de éguas saudáveis e diagnosticadas com endometrite. No experimento 1 (EXP1), foram utilizadas 13 éguas em anestro estacional que receberam 10 mL de benzoato de estradiol (BE) e no experimento 2 (EXP2), 19 éguas cíclicas. Os animais foram avaliados por meio de palpação e ultrassonografia transretais e foram coletadas amostras para citologia, histopatologia e histomorfometria uterinas. Para a definição dos grupos experimentais, foi realizado lavado de baixo volume (LBV) para a avaliação da citologia uterina, que juntamente ao histórico reprodutivo e exame ginecológico, foram empregados para o diagnóstico da endometrite. No EXP1, os animais foram alocados em grupo controle (GC; n = 3) e grupo tratado (GT; n = 10). O dia da aplicação do BE foi considerado o D0 e as coletas das amostras começaram no D3, com o LBV seguido da biópsia uterina (B1). Os animais do EXP2 foram inicialmente classificados em éguas com e sem endometrite, e então, separados em controle negativo (receberam oxigênio) e controle positivo (receberam mistura gasosa oxigênio-ozônio). Dessa maneira, formaram-se 4 grupos experimentais: éguas sem endometrite controle negativo (GC-; n = 3) e tratada (GC+; n = 3), e por fim, éguas com endometrite controle negativo (GEC; n = 6) e tratada (GEBT; n = 7). Foram acompanhados dois ciclos estrais de cada animal e, ao detectar um folículo com tamanho igual ou superior a 30 mm associado a edema uterino grau 3, foi realizado o primeiro LBV seguido da aplicação 1 mL de Strelin®. A B1 foi coletada 5 dias após a detecção da ovulação (D5) e, em seguida, foi administrado 1 mL de Lutalyse® para o retorno ao estro. As insuflações uterinas foram iniciadas dois dias após a B1 em ambos os experimentos e foram sempre precedidas de um LBV, totalizando três aplicações com intervalo de 48h entre elas. A concentração empregada foi a de 44 μg/mL nos grupos tratados e 0 μg/mL nos grupos controles. A insuflação foi realizada, via cérvix, até se obter a distensão completa do útero. O último LBV foi coletado dois dias após a última insuflação. No EXP1, a segunda biópsia (B2) foi coletada logo após o último LBV e no EXP2, no D5 do ciclo seguinte após o fim das insuflações. Foram avaliados os parâmetros histopatológicos: 1. Alterações glandulares; 2. Edema; 3. Hemorragia; 4. Infiltrado inflamatório; 5. Necrose. Na histomorfometria, foi avaliada a densidade volumétrica glandular, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e lúmen glandular, e por fim, mensurado o diâmetro glandular, altura do epitélio glandular e luminal. Após o tratamento, no EXP2, foi observada redução (p<0,05) da contagem de polimorfonucleados/campo (PMN) ao comparar grupos, tratamentos e tempos. A avaliação histopatológica do infiltrado neutrofílico e linfocitário endometrial nos dois experimentos demonstraram que não ocorreu redução na frequência de células inflamatórias em nenhum dos nos grupos experimentais (p>0,05). Por fim, não foi encontrada diferença nos parâmetros morfométricos avaliados (p>0,05). Conclui- se que a insuflação uterina com mistura gasosa oxigênio-ozônio na concentração de 44 μg/mL em éguas foi segura e que apresentou benefícios teciduais para éguas diagnosticadas com endometrite. Palavras-chave: Ozonioterapia. Medicina alternativa. Reprodução equina. Subfertilidade. Inflamação uterina.