Há anos, a relação entre álcool e doença cerebrovascular (DCV) tem sido firmemente estabelecida, seja na forma oclusiva ou hemorrágica [1][2][3] . O efeito do álcool etílico sobre a aterosclerose, em especial das artérias carótidas extracranianas, é motivo de controvérsias, havendo poucos estudos que examinaram esta relação e seu mecanismo 4-6 . Décadas de pesquisas epidemiológicas têm demonstrado que a aterosclerose tem uma etiologia multifatorial, dificultando a análise quantitativa e qualitativa de um fator de risco isoladamente, os quais interagem entre si [7][8][9][10] .Parece existir uma associação inversa significante entre baixo consumo de álcool e aterosclerose carotídea 11,-15 , a qual é demonstrada em forma de curva tipo "U" 6,16 ou "J" 17 . Estes dados poderiam explicar o fato de que o baixo ou o moderado consumo de álcool tem ação protetora contra DCV oclusiva 18 . Porém, existem autores que não encontram esta associação 19 .O objetivo deste estudo é avaliar, através de exame de ultrassonografia colorida com Doppler, a presença de placas de ateroma e o grau de estenose em artérias carótidas extracranianas em abstêmios e etilistas com diferentes graus de consumo alcoóli-co. Diferentemente dos trabalhos citados na revisão acima, somente o consumo alcoólico deverá ser o fator de risco existente; doentes com outros fatores RESUMO -Existem fortes evidências de menor incidência de doença cerebrovascular oclusiva, de aterosclerose coronariana e de outros vasos em indivíduos com consumo leve ou moderado de álcool. Este estudo procura analisar o efeito do etanol, em diferentes doses no comportamento da aterosclerose carotídea extracraniana. Através do ultrassom Doppler colorido, foram investigadas 328 artérias carótidas extracranianas, de homens e mulheres brancos, com mais de 35 anos de idade, normotensos, não tabagistas e sem as principais doenças que constituam fatores de risco para doenças cardiovasculares. Foram divididos de acordo com o consumo de álcool por semana (em mililitros) em abstêmios, etilistas leves (1 a 100), moderados (101 a 300) e pesados (301 ou mais). Houve menor incidência de placas de aterosclerose e de estenose naqueles que ingeriram moderada quantidade. Conclusão: O estudo sugere uma ação protetora do álcool etílico para aterosclerose carotídea, quando ingerido em moderada quantidade. PALAVRAS-CHAVE: álcool, carótidas, aterosclerose.
INFLUÊNCIA DO ETANOL DAS BEBIDAS ALCOÓLICAS NA ATEROSCLEROSE EM ARTÉRIAS CARÓTIDAS EXTRACRANIANAS
The influence of the ethanol in alcoholic beverages in the extracranial carotid arteries atherosclerosisABSTRACT -There is less incidence of occlusive cerebrovascular disease, of coronarian atherosclerosis and of other arteries with a light to moderate consumption of alcohol, suggesting that the same may occur with respect with the extracranial carotid arteries. Using color Doppler ultrasonography, we studied 328 extracranial carotid arteries of white male and females over 35 year old, with normal blood pressure, non-smokers and free of the main diseases ma...