RESUMO Objetivo Analisar as possíveis diferenças na audição de agricultores e suas famílias em comparação com população não exposta aos agrotóxicos. Método Estudo transversal, com 70 participantes (grupo pesquisa), com média de idade de 39,7 anos, de ambos os sexos, proprietários de pequenos estabelecimentos agrícolas vinculados a agricultura familiar e tempo de exposição médio aos agrotóxicos de 23,7 anos. Um grupo controle com 71 participantes de ambos os sexos, sem exposição a ruído e agentes químicos, com idade média de 39,5 anos, foi incluído para a comparação dos resultados. Na etapa 1, ambos os grupos foram submetidos a audiometria convencional e de altas frequências e imitanciometria. Na etapa 2, somente os normoouvintes foram submetidos as emissões otoacústicas evocadas e efeito de supressão das emissões otoacústicas transientes. Resultados Observou-se diferenças significativas entre os grupos para audiometria tonal convencional e de altas frequências, e no reflexo acústico. As frequências mais afetadas na audiometria tonal convencional foram 3 a 6kHz e na audiometria de altas frequências foram as frequências de 9.000 e 11.200 Hz. Nas emissões otoacusticas transientes, observou-se no efeito de supressão piores resultados no grupo de pesquisa. Conclusão Conclui-se que houve diferenças na audição dos agricultores familiares em comparação com o grupo controle. Os limiares auditivos convencionais estão relacionados em função do grupo, idade e gênero. O trabalho na agricultura está associado com o comprometimento na região basal da cóclea, à ausência de reflexo acústico, à redução da relação sinal/ruído das emissões otoacústicas transientes e à disfunção do sistema auditivo eferente olivococlear.