RESUMOOBJETIVO. Avaliar a fertilização, bem como aspectos endócrinos e histológicos do ovário após seu reimplante ou transplante ortotópico, sem anastomose vascular. MÉTODOS. Foram utilizadas 56 coelhas da raça Nova Zelândia Branca e Califórnia distribuídas em: Grupo 1 (n=8) -controle, apenas laparotomia e laparorrafia; Grupo 2A (n=8) -reimplante ortotópico de ovários íntegros; Grupo 2B (n=8) -reimplante ortotópico de ovários fatiados; Grupo 2C (n=8) -reimplantes ovarianos de um lado, íntegros, e, do outro lado, fatiados; Grupo Grupo 3A (n=8) -transplante ortotópico de ovários íntegros; Grupo 3B (n=8) -transplante ortotópico de ovários fatiados; Grupo 3C (n=8) -transplantes ovarianos de um lado, íntegros, e, do outro lado, fatiados. A partir do terceiro mês pós-operatório, cada coelha foi colocada para cópula. Dosou-se o estradiol, a progesterona, o FSH e o LH no nono mês pós-operatório. Estudou as morfologias macro e microscópicas dos ovários, tubas e útero, de todas os animais. Os números de gestações e de filhotes foram avaliados por meio do teste Qui-quadrado e as dosagens hormonais foram comparadas pelo one-way Anova, seguido pelo teste de Tukey-Kramer. RESULTADOS. No Grupo 1, sete (87,5%) coelhas engravidaram entre o segundo e terceiro meses após início da cópula. No Grupo 2, as gestações ocorreram entre o quinto e o oitavo meses pós-operatórios e, no Grupo 3, entre o quarto e o oitavo meses pós-operatórios. A porcentagem de gravidez observada foi de 37,5% no Grupo 2A, 50% no Grupo 2B e 2C, 37,5% no Grupo 3A, 50% no Grupo 3B e 62,5% no Grupo 3C. Os níveis hormonais e o estudo morfofuncional dos ovários, tubas e úteros não apresentaram alterações. CONCLUSÃO. O reimplante ou transplante ovariano homógeno ortotópico sem pedículo vascular é eficaz para a manutenção de níveis normais de hormônios ovarianos e permitiu a fertilização natural.
INTRODUÇÃOMuitas pacientes com câncer sofrem perda da função ovariana, mesmo sem o ovário estar envolvido na doença, em decorrência de tratamento radioterápico e quimioterápico 1,2 . Em outros casos, a ooforectomia é realizada em procedimentos sobre a pelve, mesmo sem haver inconveniência para sua manutenção. Essa conduta resulta em menopausa precoce e distúrbios funcionais, tais como disfunção sexual, níveis alterados de lipoproteínas, além de maior risco de osteoporose e de doenças cardíacas 1,2,3,4 . Uma alternativa fisiológica de manter a função hormonal em mulheres que precisam submeter-se à perda de seus ovários normais é a retirada e conservação dos ovários, para serem reimplantados após o término do tratamento que os destruiria. Diversas técnicas experimentais de auto-implante ovariano vêm sendo pesquisadas 5,6 . No entanto, a multiplicidade de espécies animais e de métodos estudados para a preservação da função ovariana resulta em informações conflitantes quanto à eficácia da preservação hormonal 7,8,9 . A utilização de tecidos ovarianos criopreservados e reimplantados em posição heterotópica é uma alternativa mais fisiológica de manter a função hormonal 9,10,11,12...