As famílias monoparentais femininas compõem, juntamente com as demais configurações familiares, a pluralidade dos arranjos familiares no Brasil. Estas têm sido associadas frequentemente às situações de pobreza ou vulnerabilidade social, em que a mulher, responsável pelo sustento do lar e cuidado dos filhos na ausência do cônjuge, vivencia sobrecarga de funções, dentre outras adversidades. Discursos contemporâneos apontam para a relevância da participação paterna na vida dos filhos. Assim, este estudo qualitativo e exploratório objetivou conhecer os significados atribuídos à paternidade na visão de mulheres responsáveis por famílias monoparentais femininas vivendo em situação de vulnerabilidade social. Participaram 10 mães com filhos crianças que responderam a um questionário sociodemográfico e a uma entrevista semiestruturada. Os dados coletados foram transcritos e submetidos à análise de conteúdo. Identificou-se a percepção de protagonismo materno nas famílias, sendo a ausência paterna sentida no domínio financeiro e disciplinar. O afastamento paterno teve também implicações significativas ao relacionamento coparental, sendo raro o compartilhamento de tarefas entre as mães e os pais ou outras referências da família paterna. Apesar de pouco contarem com o pai das crianças, o distanciamento dos conflitos conjugais foi referido como tendo impactado positivamente o bem-estar de algumas famílias, demonstrando que a participação paterna deve ser pensada em níveis de qualidade e não apenas de presença ou ausência.