Elementos histórico-culturais para o ensino dos instrumentos ópticos

Abstract

Resumo Neste trabalho, apresentaremos uma proposta para o ensino dos instrumentos ópticos a partir de uma abordagem contextual da História das Ciências. Para isso, utilizaremos uma Rede de Relações Sociais que tem Constantijn Huygens (1596-1687) como centro (hub). A partir de fontes primárias e de outros documentos que tratam da cultura holandesa no século XVII, buscaremos mostrar como essa rede, composta por cientistas, pintores e filósofos, ligada a fatores como a religião e o comércio, pode nos oferecer uma visão interdisciplinar e complexa sobre o advento dos instrumentos ópticos. A visão contextual desse período histórico poderá fornecer subsídios para a construção de um currículo interdisciplinar a partir dos instrumentos ópticos.Palavras-chave: História da Ciência; Interdisciplinaridade; Redes Históricas; Natureza da Ciência; Ciência e Arte. AbstractIn this paper we presented a proposal for the teaching of optical instruments with a historical-cultural approach. For this, we used a network of + Historical and cultural elements for teaching of optical instruments

olhar acurado e a descoberta de um “novo mundo” a partir do microscópio

“…experimentos, e sim experimentar, levar o microscópio de baixo custo até nossos alunos e proporcionar-lhes a oportunidade de experimentar este "novo mundo" de Constantijn; o mundo que não nos é permitido ver a olho nu culturais de seus fabricantes, intermediários, usuários, entre outros. Vale enfatizar que há bastante literatura que pode nos dar suporte para isso [7,8,12,13]. Além disso, não pretendemos que esses instrumentos sejam construídos em sala de aula, pelo menos em um primeiro momento.…”

“…Inserimos os alunos no contexto histórico, mostramos a eles as diferenças entre os instrumentos antigos e atuais e, ainda, os levamos a experimentar as sensações de uma observação. No caso deste estudo, o processo não foi linear, pois nasceu de uma abordagem histórica do advento dos instrumentos óticos da República Holandesa do século XVII [8] e, depois, em colaboração com os professores de biologia, passamos também a explorar a visualização de imagens (feitas no microscópio) como mais um elemento pedagógico que abre portas para novas abordagens educacionais. A conexão da experimentação com os experimentos históricos já é bem documentada [29], inclusive com uma réplica do microscópio de Leeuwenhoek [30].…”

“…Situamos o presente texto nas relações angloholandesas do século XVII, período no qual o homem descobria um mundo que até então era invisível aos seus olhos, que agora estão amparados por lentes fabricadas por artesãos de reconhecida habilidade e difundidas por uma ampla rede de comerciantes, pintores, curiosos e estudiosos, os quais impulsionaram diversas áreas do saber em um movimento que buscava ampliar as fronteiras do mundo visível, assim como representá-lo com a maior precisão possível [8].…”

Panorama da integração entre Arte e ensino de Ciências: análises quantitativa e qualitativa

“…Alguns artigos não utilizaram um artefato artístico -como pinturas ou desenhospara relacionar a Física com a Arte, mas instrumentos científicos, como um telescópio feito por Galileu (MANASSERO, 2017), um equipamento de refração de J. F. Niceron (HUNT; SHARP, 2011) ou outros instrumentos ópticos (ALCANTARA, BRAGA, 2017). Ainda sobre as Artes Plásticas, podemos citar os trabalhos de Davis et al, 2009 e Menezes, 2018 na utilização de origami como forma de representação de modelos e teorias científicos, auxiliando no entendimento dos alunos sobre fenômenos como a polinização e a representação tridimensional de estruturas científicas.…”

“…Nos outros anos da Educação básica, a integração entre Arte e o ensino de Ciências atua como uma "válvula de escape das aulas expositivas" (BARROS; GIRASOLE;ZANELLA, 2013). Ela também pode contribuir com um ensino de Ciências que vai de encontro a uma visão tecnicista (ALCANTARA; BRAGA, 2017;CARVALHO, 2020), na qual os constructos científicos são considerados a expressão de uma prática superior (BRAGA; GUERRA; REIS, 2012), afastando-os de outros conhecimentos humanos. Esse entendimento é construído a partir do estudo dos cenários históricos das produções científicas, associado a uma obra artística, a fim de "lançar um novo olhar para a construção de conhecimento" (ANDRADE; NASCIMENTO; GERMANO, 2007).…”