“…Na cobertura dos escândalos, por exemplo, os media tendem a explorar os casos de forma exaustiva, personificada, pressionando as instituições da justiça a agirem segundo a sua própria cronologia e o seu próprio julgamento, o que, quando não acontece, os leva a reforçarem uma visão da justiça como lenta e ineficiente (Prior, 2016;Cunha, 2017). Por outro lado, quando existe um alinhamento entre a atitude dos julgadores e aquela que os media consideram a correta -quase sempre a da condenação dos acusados -os atores judiciais surgem, na cobertura ou nos palcos dos programas de auditório, não raras vezes, como heróis nacionais, como no caso do ex-juiz brasileiro Sérgio Moro, transformado em ícone mediático do combate à corrupção, glorificado não apenas no Brasil, mas em outros países, pelos media e até em determinados círculos académicos (Araújo, 2017). Ora, o recurso à novelização para tratar de temas da política, a realização de uma cobertura…”