Objetivos: Este estudo objetivou avaliar as causas de internação no 1o ano após o transplante renal em um hospital público. Métodos: Trata-se de coorte retrospectiva feita por meio da revisão de prontuários médicos. Os critérios de inclusão foram 18 anos de idade ou mais e transplante renal. Os critérios de exclusão foram transplante duplo, falência primária do enxerto e óbito durante a internação para transplante. Os desfechos avaliados incluíram sobrevida global em 4 anos (desfecho primário), falência do enxerto em 1 ano e função do enxerto em 1 ano. Resultados: Dentre os 130 pacientes, predominavam osexo masculino, glomerulonefrite como etiologia, histórico de hemodiálise, primeiro transplante renal e rim de doador falecido. A taxa de internação no 1o ano após o transplante foi de 71,5%. Houve três óbitos na primeira internação (dois por eventos cardiovasculares). As principais causas de internação foram infecções, rejeição e complicações cirúrgicas. Causas menos comuns incluíam procedimentos eletivos, como a retirada do cateter de diálise peritoneal. Nenhuma das variáveis avaliadas teve associação estatisticamente significativa com risco aumentado para internação. Além disso, a ocorrência de internação não teve impacto na sobrevida global em 4 anos após o transplante (desfecho primário) e tampouco no risco de falência do enxerto em 1 ano. Porém, houve impacto negativo na função do enxerto ao final do 1o ano (tanto com o valor de creatinina quanto pela taxa de filtração glomerular estimada, com p < 0,05). Conclusão: Houve elevada frequência de internações, tendo a primeira resultado em óbito em três casos, nenhum de causa infecciosa. Considerando a contribuição de procedimentos considerados eletivos para tal estatística, propõe-se o investimento em resolutividade no nível ambulatorial em situações como retirada de cateter de Tenckhoff, tratamento dos casos leves de infecção pelo citomegalovírus (CMV ) e biópsia do enxerto renal.