Emoções Vivenciadas Pelos Psicoterapeutas-Aprendizes Nos Serviços-Escolas: Uma Leitura Psicanalítica

Abstract

Os atendimentos clínicos realizados nos serviços-escolas são permeados por uma série de experiências emocionais vivenciadas pela díade psicoterapeuta-aprendiz/paciente. Diante das diversas nuances da clínica psicanalítica, o psicoterapeuta-aprendiz vivencia experiências que refletem em sua subjetividade. Este estudo teve como objetivo investigar as vivências emocionais dos estudantes de graduação em psicologia durante os estágios em clínica psicanalítica e analisar as emoções percebidas em si mesmos pelos psicoterapeutas-aprendizes nos atendimentos em psicoterapia psicanalítica. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, utilizando-se o referencial teórico psicanalítico. Participaram 27 estudantes de psicologia, que realizavam atendimentos nos serviços-escolas de quatro Instituições de Ensino Superior. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semidirigidas, as quais foram submetidas à análise de conteúdo. Nos resultados observou-se a presença das vivências de ansiedade, medo, insegurança e nervosismo, presentes no processo psicoterapêutico. A identificação com as vivências emocionais dos pacientes e as dúvidas referentes à percepção das próprias emoções, foram importantes aspectos encontrados neste estudo. Tais resultados podem contribuir para a reflexão sobre a vivência desta experiência para o psicoterapeuta-aprendiz, a fim de melhor prepará-lo para os desafios da prática clínica psicanalítica.

O Papel Do Serviço Escola De Psicologia Para a Formação Profissional No Brasil

“…A indicação de leituras e técnicas, análise dos relatórios, auxílio no manejo clínico, qualificação da escuta e ajuda no levantamento de hipótese são exemplos de atribuições dos supervisores. Ressalta-se, no entanto, que o papel do supervisor deve ir além da questão prática, pois os estudos também apontam a importância do supervisor como apoio emocional durante o estágio clínico (GOMES & REIS, 2022;GALINDO et al, 2020;SILVA et al, 2019).…”

“…Gomes e Reis (2019) defendem que a terapia pessoal é indispensável, pois além de facilitar a aprendizagem, atuação e o autocuidado, também auxilia no enfrentamento das angústias inerentes ao estágio. É preciso que o estagiário aprenda a lidar com suas emoções e entenda na prática como funciona as transferências e contratransferências, para que não venha a cometer atitudes antiéticas (GO-MES & REIS, 2019;GOMES & REIS, 2022;SILVA et al, 2019).…”

“…No estágio psicoterapêutico, um terapeuta aprendiz irá promover os primeiros contatos em uma relação terapeuta-paciente, produzindo trocas, gerando uma atuação da teoria na prática e as afetações íntimas vivenciadas por ambas as partes. Assim sendo, [...] as vivências emocionais conscientes e inconscientes que emergem neste encontro produzem impactos emocionais mútuos, nomeados indistintamente como emoções e/ou sentimentos (GOMES & REIS, 2022).…”

“…O Serviço-Escola de Psicologia deve funcionar não somente como uma Clínica de atendimento individualizado, no qual os estagiários experienciam o primeiro contato com a experiência profissional, mas como um ponto de conexão entre a comunidade atendida e a univer-sidade, no qual é possível a identificação de demandas, a produção de conhecimentos e a confecção de estratégias adaptadas às necessidades da população atendida, e da região na qual o Serviço se encontra inserido (GOMES & REIS, 2022).…”