ResumoObjetivo: Contextualizar a relação entre os mecanismos reflexos de controle da pressão arterial e a ocitocina como neuromodulador autonômico. Metodologia: Foi realizada uma busca sistemática por artigos nas bases de dados PubMed, Scielo e Lilacs, através dos descritores ocitocina associado a barorreflexo, quimiorreflexo e pressão arterial. A busca também foi realizada no idioma inglês. Resultados: Foram selecionados 47 artigos para a discussão. Conclusão: A ocitocina é crucial para a manutenção dos níveis pressóricos tanto em repouso quanto em situações de estresse. Diminuição da atividade da via ocitocinérgica está relacionada com comorbidades que afetam o sistema cardiorrespiratório, entretanto o treinamento físico é capaz de promover a recuperação desta via, dependente do barorreflexo e quimiorreflexo. Palavras-chave: Ocitocina. Pressão Arterial. Barorreflexo.
INTRODUçÃOA pressão arterial (PA) é uma das variáveis fisiológicas que necessita ser finamente controlada, para isso existem mecanismos fisiológicos neurais e endócrinos capazes de manter a homeostase dos níveis pressóricos a curto, médio e longo prazo.Dentre os hormônios que atuam nessa função encontra-se a Ocitocina (OT). Este peptídeo é classicamente estudado pela grande importância na função reprodutora, no entanto, a literatura científica relata que a OT liberada na circulação promove ajustes hidroeletrolíticos e cardiovasculares aumentando a natriurese, diminuindo a força de contração e frequência cardíaca (FC) (CHAN;SAWYER, 1962;COSTA-E-SOUSA et al., 2005;HAANWINCKEL et al., 1995). Na década de 1990 surgiram trabalhos sugerindo a relevância da OT não somente como hormônio, mas também como neurotransmissor. O Núcleo Paraventricular do Hipotálamo (PVN) é uma das principais regiões produtoras de OT e possui projeções para a neuro-hipófise, onde a OT é liberada como hormônio. Além disso, esse núcleo apresenta sinapses diretas com subnúcleos bulbares que controlam reflexamente a PA (BUIJS, 1978;MORRIS, 1999;RUSS;WALKER, 1994).O barorreflexo e quimiorreflexo possuem ação reflexa que regulam a PA. Formados por receptores localizados nas artérias aorta e carótidas, esses mecanismos possuem aferências projetadas para o Bulbo, o qual funciona como um "centro de integração" das repostas cardiovasculares, e também recebe projeções ocitocinérgicas. De forma interessante, o exercício físico promove alteração na plasticidade de neurônios ocitocinérgicos, mas essa resposta é abolida na ausência da ativação de baro e quimiorreceptores (BUIJS, 1978;CAVALLERI et al., 2011;CRUZ et al., 2013).Desta forma, o objetivo deste trabalho é contextualizar como atuam os mecanismos neurais de controle da PA e a forma como a OT age na regulação pressórica por essas vias. Ademais, esclarecer qual a relação com diferentes doenças cardiorrespiratórias e como, experimentalmente, o exercício físico pode atuar no processo de recuperação da ação ocitocinérgica.