RESUMOEste artigo tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem em estágio realizado em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), proporcionado pelo Programa Educação pelo Trabalho (PET) Saúde/Saúde mental, crack, álcool e outras drogas, vinculado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O estágio realizado pelo PET nos serviços fez estreitar-se a relação entre o meio acadêmico e os serviços assistenciais à saúde mental no município, o que proporcionou aos estudantes a oportunidade de associar o ensino teórico ao prático. Além disso, estimulou o estabelecimento de vínculos entre acadêmicos, profissionais e, principalmente, usuários, através de um trabalho interdisciplinar. A proposta do PET Saúde/Saúde mental crack, álcool e outras drogas vem de encontro da qualificação do ensino e principalmente da promoção de um cuidado humanizado.Palavras-chave: Enfermagem. Alcoolismo. Assistência em Saúde Mental. Saúde do Homem.
INTRODUÇÃOAlguns estudos nacionais realizados com estudantes mostram que as drogas lícitas são as mais consumidas nos últimos anos (1) . Também mostraram que as drogas legais, como o álcool e o tabaco, são os problemas de saúde pública mais proeminentes no Brasil, de consumo prevalente entre adolescentes, embora exista uma estereotipia mental da população, que, quando fala em drogas, pensa apenas na cocaína e na maconha (2) . A proporção da dependência alcoólica em termos de gênero é de 20% para homens e 10% para as mulheres. De cada seis pessoas do sexo masculino que fazem uso de álcool na vida, uma fica dependente. Entre as mulheres esta proporção é de 10,1% (3) . Dessa forma o álcool provoca 1,8 milhão de mortes anuais e cerca de 4% das doenças estão relacionadas ao seu uso, sendo um fato alarmante para a constituição de novas políticas públicas centradas no uso abusivo/dependência em álcool e outras drogas (4) . Fatores genéticos, psicológicos e sociais podem estar associados ao uso e dependência do álcool. O fenômeno é complexo, e 80% dos casos de dependência química são atribuídos ao uso dessa substância. O efeito mais nocivo do álcool aparece após anos de ingestão. Ele destrói lenta e gradualmente os órgãos vitais, e no estado de embriaguez o indivíduo pode tornar-se agressivo ou provocar acidentes de trânsito, pois a bebida afeta a resposta motora (5) . A intervenção dos profissionais da saúde junto a usuários de substâncias psicoativas tem se intensificado, fazendo-os sentir a necessidade de qualificar-se com relação ao suporte técnico-científico, humanitário e social, para ofertarem uma prática de cuidado especializada, visando à integralidade da assistência prestada (6)(7) . Com base nessa realidade, constata-se a existência de uma série de dificuldades para se trabalhar com o dependente químico, algumas relacionadas ao preconceito das pessoas de modo geral e de alguns profissionais da área da saúde (7) .