Este texto examina emoções relatadas em depoimentos de vítimas de assaltos a residências pertencentes às camadas médias do Rio de Janeiro. Insere-se na área de antropologia das emoções, adotando como perspectiva teórica, o "contextualismo" de Catherine Lutz e Lila Abu-Lughod. O ponto central desta perspectiva é a atenção voltada à capacidade micropolítica das emoções, tributárias de uma "gramática" social, sendo capazes, por isso, de dramatizar/alterar/reforçar aspectos "macro" da organização social que modelam as relações interpessoais. Os dados são um conjunto de entrevistas com casais que vivenciaram assaltos às suas residências. O objetivo é examinar as atitudes "prescritas" em seus relatos como "ideais" ou "eficazes" para lidar com a condição de vítima e sua relação com identidades de gênero. O foco da análise são as formas de "controle emocional" presentes em seus relatos, com ênfase na oposição entre o controle da raiva e o controle do medo.