Fístulas digestivas são comunicações anormais entre qualquer parte do trato gastrointestinal e outro órgão interno ou a pele. Podem causar desequilíbrio hidroeletrolítico, déficits nutricionais, formação de abscesso, infecção, sepse ou sangramentos. Existem várias maneiras de se classificar uma fístula gastrointestinal de acordo com sua anatomia, débito, tempo de aparecimento, etiologia, entre outros. Os fatores de risco associados ao surgimento de fístulas digestivas são muitos e ainda em descoberta, sejam eles locais ou sistêmicos. Sua fisiopatologia é complexa e as complicações de maior morbidade e mortalidade estão relacionadas à desnutrição e infecção. O tratamento deve ser multidisciplinar e adaptado a cada caso, envolvendo medidas nutricionais, antimicrobianos, cuidados com a pele e, por vezes, cirurgia. Como o cirurgião desempenha papel fundamental na prevenção e tratamento das fístulas digestivas, este artigo pretende fazer revisão de conceitos fundamentais sobre o tema, discutindo classificação, etiologia, fisiopatologia, complicações, diagnóstico e principais aspectos no manejo clínico, nutricional e cirúrgico.