A presente pesquisa procura compreender o uso de impressos de cunho civilizatório, publicados no início do primeiro quartel do século XX, e sua relação com o cotidiano feminino inscrito nas práticas sociais, com ênfase nas prescrições de ordem moral e nas relações de gênero presentes nessas prescrições. As fontes investigadas consistem em seis edições da revista “Para Moças”, criada por P. Eliseu e publicadas, possivelmente, entre as décadas de 1940 e/ou 1960. Para atender ao objetivo proposto, os documentos são analisados a partir dos conceitos de civilidade e representação. A metodologia empregada é a análise documental e arquivística. Os impressos analisados, como tantos outros da mesma tipologia, ocupam um lugar importante na educação não escolarizada, sobretudo das mulheres, em um período no qual as representações do feminino e o seu espaço na sociedade sofreram as consequências da expansão da urbanização. As conclusões, ainda iniciais, apontam que a revista “Para Moças” produz um discurso prescritivo, de cunho moral, focado na educação da mulher urbana. Visava a produzir comportamentos galgados nos preceitos e valores morais, nos bons costumes, de forma a construir e difundir representações de mulheres recatadas, obedientes, religiosas e cujo destino natural e desejado era o matrimônio.