RESUMONeste artigo descrevemos a contaminação acidental de uma cepa de malária de roedor (Plasmodium berghei) por um hemoparasita (Eperythrozoon coccoides), levando a alterações importantes no comportamento da malária experimental. A demonstração do parasita foi feita por microscopia óptica e eletrônica e a fonte de contaminação foi detectada em roedores normalmente utilizados na manutenção da cepa, obtidos do mesmo biotério. As medidas disponíveis para o controle deste tipo de infecção são discutidas propondo se a utilização de tetraciclina em matrizes e posterior utilização de animais Fl não tratados. Comenta-se a importância deste tipo de contaminação experimental.
UNITERMOS: Eperythrozoon coccoides -Malária experimental -Contaminação
INTRODUÇÃOA contaminação de modelos experimentais por alguns parasitas pode determinar alterações das características das doenças, levando a interpretações errôneas que invalidam os experimentos. Um dos parasitas frequentemente implicado em contaminações acidentais é o Eperythrozoon coccoides 12 , um hemoparasita do sangue de roedores que vive na superfície de hemácias e no plasma de roedores, em particular camundongos 3. A transmissão é feita através de materiais contendo sangue infectado, sendo de transmissibilidade muito alta, bastando uma hemácia contaminada para dar início à infecção 7 . O vetor natural é um ectoparasita de camundongo, Poliplax serrata, que transmite a infecção por picada ou solução de continuidade da pele, não havendo ciclo do parasita no inseto 4 . A transmissão pelo leite ou via transplacentária não foi confirmada Iâ , embora tenha sido sugerida frente à grande prevalência da infecção em biotérios aparentemente livres de ectoparasitas 2 .A infecção de camundongos por E. coccoides apresenta duas fases diferentes. A primeira, de proliferação, dura até 8 a 10 dias e caracterizase pelo aparecimento de grande núme-ro de parasitas no sangue. A seguir instala-se uma fase latente, que coincide com o aparecimento de anticorpos específicos, com diminuição importante no número de parasitas circulantes. Esta fase só é detectada quando o animal é submetido a manobras imunossupressoras, como a esplenectomia, que provocam um aumento no número de parasitas circulantes 9 . Com o uso de ciclofosfamida, a infecção aguda inicial se mantém, com 100% de latalidades.Os mecanismos de controle do parasita pa recém estar relacionados à fagocitose dependente de anticorpos, sendo que em animais em fase latente de infecção, há um aumento da capacidade fagocítica inespecífica do hospedeiro 6 .Há Autores que sugerem que a possibilida de de reativação da fase latente ocorreria durante toda a vida do animal 16 , embora outros Autores tenham determinado que a fase latente