Epidemiologia da morte materna e o desafio da qualificação da assistência

Abstract

Epidemiologia da morte materna e o desafio da qualificação da assistênciaEpidemiology of maternal death and the challenge of care training

Perfil epidemiológico, clínico e razão de mortalidade materna no Nordeste brasileiro entre 2010 e 2019: um estudo ecológico

“…De modo semelhante, um estudo que observou o perfil sociodemográfico das mortes maternas registradas em Alagoas entre 1996 e 2016 registrou maior percentual de óbitos em jovens com faixa etária entre 20 e 29 anos (Duarte et al, 2020). Ao analisarmos estudos relativos a Juiz de Fora (MG) e Ribeirão Preto (SP) também notamos maior quantitativo de mortes maternas em mulheres jovens, demonstrando que esse padrão não é inerente somente ao Nordeste (Martins & Silva, 2018;Tintori et al, 2022).…”

“…A escolaridade dessas mulheres em anos esteve entre 8 e 11 anos em 30% dos casos, sendo considerada baixa (inferior a 11 anos de estudo), dado coerente com o percentual nacional do ano de 2019, em que 42% dos óbitos foram de mulheres com escolaridade nessa faixa (Brasil, 2021). Outros trabalhos também demonstraram predominância de óbitos em mulheres com baixa escolaridade, cerca de 8 anos (Martins & Silva, 2018;Duarte et al, 2020;Tintori et al, 2022).…”

“…Sobre o estado civil/situação conjugal, a maioria dos óbitos maternos no Nordeste entre 2010-2019 foi de mulheres solteiras (46%), dado corroborado por estudos de outras regiões, o que sugere um padrão nacional que é reforçado pelo dado de que 50% das mortes maternas registradas no Brasil em 2019 foi de mulheres solteiras. (Martins & Silva, 2018;Duarte et al, 2020;Brasil, 2021;Tintori et al, 2022) No que tange às características clínicas dos óbitos maternos, evidenciou-se que entre 2010 e 2019, na região Nordeste, houve um expressivo número de mortes em ambiente hospitalar, com percentual de 90%, a despeito dos outros locais de ocorrência. Entre os tipos de morte por causa obstétrica, nossa análise observou predomínio de mortes maternas de causa direta (70%).…”

“…Ambos os padrões, tanto de local de ocorrência quanto de tipo de morte por causa obstétrica, se repetem na análise da região de saúde de Juiz de Fora e Ribeirão Preto. (Martins & Silva, 2018;Tintori et al, 2022). Especificamente sobre causas diretas de óbito materno, foram 65% das mortes maternas registradas no Brasil em 2019, confirmando sua importância epidemiológica para além do Nordeste.…”

Desafios da rede de assistência materna no Brasil: revisão da literatura

“…Contudo, ainda é possível identificar falhas no processo assistencial do binômio mãe-filho, evidenciadas pelos números de mortes de mulheres no ciclo gravídicopuerperal encontradas na literatura. Os dados além de incluírem dados sociodemográficos entre os fatores de riscos, que influenciam no acesso ao pré-natal de qualidade, incluem também a via de parto e outros fatores subdivididos em causas obstétricas diretas e indiretas que por sua vez podem gerar complicações na gravidez, parto e ou puerpério (TINTORI et al, 2022).…”