O estudo destaca o caso das mulheres rendeiras do Cariri Paraibano que produzem a renda renascença, uma atividade artesanal têxtil originária da Ilha de Burano, em Veneza, na Itália, introduzida na região desde a década de 1930. Momento em que a região se beneficia sobremaneira com o fazer profissional produzido por essas rendeiras. Discute-se a memória na sua relação com a História. Apresentam-se, a partir do percurso histórico, as dimensões conceituais desenvolvidas em torno da memória e pontuamos como o conceito ganhou espaço importante nas pesquisas históricas e sociológicas. Autores como Loriga (2009), Duran & Bentivoglio (2013), Silva (2002), Macedo (2009) contribuíram para a construção teórica que permitiu compreender a relevância das interfaces manifestas na concepção de memória. Em seguida, mostramos o processo histórico que fundamenta conceitualmente a História Oral como ferramenta analítica utilizada para descrever o objeto escolhido. Alberti (2005), Amado & Ferreira (2006) e Santhiago & Magalhães (2013) são alguns dos teóricos que possibilitaram compreender a “fala” como status de documento oral. Com poucas referências históricas, que relatem as relações desenvolvidas em torno deste fazer artesanal, a pesquisa revisitou os espaços de vida e lembranças das rendeiras, a partir de um estudo qualitativo que reuniu técnicas interpretativas para descrever e explicar os componentes do sistema de valores que dão significados às práticas culturais da mulher do campo. As reflexões traçadas evidenciam o percurso histórico que concedeu a “fala” status de documento oral. Halbwachs (2003) e Rodrigues (2011) são alguns dos autores que colaboram para o exercício de pensar a memória das rendeiras, considerando as especificidades das tramas de cada história individual. Com efeito, evidenciam-se os aspectos humanos, dando notoriedade aos sistemas de ação e de objetos que se materializam nos seus gestos, nos modos de ser, de viver e de trocar bens, símbolos, serviços e sentidos.