Este estudo integra um projeto sobre migração feminina entre Portugal e o Brasil, abordando a feminização crescente da migração internacional. Em Portugal, as mulheres migrantes representam mais da metade da população estrangeira (51%), sendo a comunidade brasileira a mais significativa, enquanto no Brasil, mulheres representam 41% dos imigrantes de longa duração. Apesar dos desafios enfrentados por mulheres migrantes, estudos científicos muitas vezes negligenciam abordagens sensíveis ao gênero. O estudo foca em duas mulheres latino-americanas, uma boliviana no Brasil e uma brasileira em Portugal, usando uma abordagem teórica baseada nos Determinantes Sociais do Processo Saúde-Doença (HDP) e na Interseccionalidade. A análise revela fatores protetores e destrutivos nas dimensões sociais, econômicas e políticas, evidenciando desigualdades de gênero, raça e classe. A discriminação sistêmica, violência de gênero e desafios no acesso a serviços de saúde são destacados. O estudo sublinha a complexidade da migração, ressaltando a interseccionalidade como crucial para entender as experiências das mulheres imigrantes. A conclusão destaca a importância de analisar as relações sociais, econômicas, políticas e de poder para interpretar discursos migratórios.