Escolhas possíveis: narrativas de classe e gênero no ensino superior privado

Abstract

Possible choices: Class and Gender Narratives in Private Higher Education This thesis analyzes the relations between university students, higher education market and social markers of difference (class and gender in particular). The field research was conducted between 2015 and 2018 at two profitable private colleges in the city of São Paulo, focusing on students who are the first generation of their families to enter in higher education and were enrolled in three different courses (Pedagogy, Nursing and Administration). The follow-up of the higher education market through fairs, market reports and institutional websites, as well as widely publicized advertising in the city, complemented the analysis. After a period of expansion of the sector, followed by an important political-economic crisis in Brazil, the thesis focuses on three processes of choice among students-the decision to enter in higher education, the choice of the course and the institution-, reflecting in a nuanced way about such decisions, constituting possible choices. The research mobilizes two main hypotheses. The first hypothesis considers how the recent expansion of higher education in Brazil (mainly from the early 2010s) introduced this stage of education in the field of possibilities for low income young and adult women, constituting new imaginary about education, work and social mobility. In this context, the lucrative private sector, due to its strong investment in advertising and its geographical distribution in the city of São Paulo, has become an important, albeit ambivalent, reference in the pursuit of the diploma. The second hypothesis refers to how such choices in higher education (of course and institution) are made. I analyze how students mobilize perceptions about their own social positions (negotiated according to worldviews and lifestyles, in addition to categories of social stratification) but also mobilize dreams, "vocations" and affinities. Thus, it is about making these students' narratives visible by reflecting on the university experience, the expectations of social mobility (in particular, the desire to "work in the field") and the polysemy of the diploma.

Direito ou privilégio? Desigualdades digitais, pandemia e os desafios de uma escola pública

“…Nas duas últimas décadas do século XX, com a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, a educação no país passou a ser formalmente garantida como "direito de todos e dever do Estado e da família" (Brasil, 1988). No entanto, inúmeras pesquisas ano a ano constatam as enormes desigualdades educacionais que assolam o país tanto no ensino básico como no ensino superior (Silva e Hasenbalg, 2000;Castro, 2009;Artes e Ricoldi, 2015;Macedo, 2019a). Apesar de alguns avanços recentes na democratização das instituições educacionais, ainda temos um sistema de ensino desigualmente marcado por critérios de raça, classe e gênero entre estudantes, além das diferenças regionais brasileiras.…”

Imagens de estudantes na publicidade do ensino superior privado: marcadores sociais da diferença em articulação / Student images in private higher education advertising : social markers of the difference in articulation

“…Passo agora a analisar algumas campanhas publicitárias veiculadas por diferentes instituições privadas de ensino superior da cidade de São Paulo, entre 2015 e 2018. Em outro texto (Macedo, 2019), focalizei o destaque dado por tal discurso publicitário em relação à facilidade de acesso na cidade (proximidade de terminais de ônibus e estações de metrô) e à facilidade de acesso financeiro (por meio dos destaques sobre promoções, bolsas e preços baixos, estimuladas pela crise econômica vigente no período). Neste artigo, quero destacar as imagens de jovens selecionados para compor tais campanhas publicitárias, em reflexão a partir da articulação de marcadores sociais da diferença, tendo gênero, raça e classe como eixos de análise.…”

“…A pesquisa etnográfica com estudantes universitários -não analisada neste artigo -pode ser conferida emMacedo (2019;2020).…”

Políticas educacionais e a questão do acesso ao ensino superior:

“…Se a ambivalência era, em minha interpretação, a marca central de tais políticas de ensino superior introduzidas nas primeiras décadas dos anos 2000, com a virada política conservadora registrada no Brasil em 2019 ocorreram inflexões importantes (Macedo, 2019). Sob o governo de Jair Bolsonaro, os discursos oficiais sobre o ensino superior 4 Nas universidades públicas paulistas, contudo, tais políticas foram implementadas posteriormente, após muitas movimentações políticas, com destaque para o sistema de cotas sociais e raciais da Universidade de São Paulo (USP) implementado em 2017.…”