Espécies nativas para alimentação de ruminantes em Ouricuri-PE e seus impactos ambientais

Abstract

O extrativismo predatório sobre espécies botânicas para alimentação animal tem causado sérios problemas ambientais na Caatinga. Objetivou-se avaliar a composição botânica nativa da Caatinga consumida por ruminantes e o impacto ambiental dessa prática. O estudo foi realizado em 38 comunidades da zona rural de Ouricuri-PE. Foram aplicados 80 questionários junto aos agropecuaristas sobre a utilização de espécies nativas para alimentação de caprinos, ovinos e bovinos. Além disso, pretendeu sensibilizá-los sobre o uso sustentável dos recursos vegetais. As espécies utilizadas com mais frequência foram Caesalpinia pyramidalis (2,5%), Bromelia laciniosa (15%), Melocactus zehntneri (16,25%), Pilosocereus pachycladus (16,25%), Pilosocereus gounellei (18,75%), Ziziphus joazeiro (20%) e Cereus jamacaru (100%). Quanto ao conhecimento prévio sobre a noção do impacto ambiental com a extração insustentável, verificou-se que 46,25% dos entrevistados disseram compreender que tal atividade causa dano ambiental, enquanto 53,75% desconhecem esse dano. A alta intensidade e frequência no uso insustentável, principalmente de C. jamacaru, poderá, num futuro próximo, acarretar em exaustão do recurso vegetal, o que pode levar a espécie ao risco de extinção. Espera-se que os agropecuaristas sejam sensibilizados, de forma que realizem um manejo sustentável, como o cultivo dessas espécies, desse modo, buscando uma melhor forma de convivência com o semiárido.

Cultivo de plantas forrageiras de apelo regional para o Semiárido brasileiro sob a perspectiva de técnicas agrometeorológicas para melhoria da resiliência: uma revisão

“…Em decorrência das características dessa região, juntamente com as mudanças climáticas, existe um aumento dos eventos extremos de seca e calor (Souza et al, 2019).…”

“…A região Nordeste, especialmente o semiárido brasileiro concentra uma população de 90% do rebanho de caprinos e 65% do rebanho de ovinos do país, com 7,6 e 9 milhões de cabeça, respectivamente (EMBRAPA, 2018), onde a alimentação está voltada a plantas forrageiras presentes na caatinga e forrageiras cultivadas. Nesse meio, as formas de criação dos animais são de maneira extensiva, em que esses animais são soltos e se alimentam da vegetação nativa, ou de forma semiextensiva que usam plantas forrageiras cultivadas e nativas para alimentação animal (Souza et al, 2019).…”

“…A utilização dessas práticas pode proporcionar um melhoramento do planejamento agrícola e da tomada de decisão. São inúmeras essas práticas, dentre elas podese citar: uso de espécies que sejam tolerantes a condições edafoclimáticas; associação de cultivos em uma única área para o melhor aproveitamento da terra (cultivos mistos e consórcio); diferentes densidades de plantio; uso mínimo de irrigação, minimizando as perdas por estresse hídrico; adoção de cobertura morta sobre a superfície do solo; controle de pragas, doenças e ervas daninhas; e correção de deficiências nutricionais (Souza et al, 2019;Jardim et al, 2019).…”

“…No Brasil, essa área encontra-se em torno de 600 mil hectares (Cardador-Martínez et al, 2011;Dubeux Júnior et al, 2013), sendo a região Nordeste coberta por aproximadamente 500 mil hectares (Santos et al, 2006). Em áreas áridas e semiáridas, as características morfológicas, fisiológicas e anatômicas da palma a conferem maior produtividade (Pereira et al, 2015); apresentando cutículas espessas (reduzindo a perda de água e a entrada de fitopatógenos), vacúolos grandes (armazenar maior quantidade de água) e um metabolismo fotossintético MAC (Mecanismo Ácido das Crassuláceas), onde os estômatos ficam fechados no período diurno e se abrem à noite para a captação do CO2 atmosférico, reduzindo assim a perda de água por transpiração; além de apresentar modificações das folhas em espinhos, caule suculento, bem como sistema radicular adaptado (Souza et al, 2019;Jardim et al, 2020a).…”

“…Apresenta crescimento ereto com uma altura de 1,5 a 3,0 m; sua raiz é fasciculada, podendo exibir raízes aéreas para servir de suporte; o caule é do tipo colmo com 1 a 2 cm de diâmetro, constituídos de nós e entrenós; as folhas são longas e pontiagudas; a inflorescência é denominada de panícula, com formato cilíndrico, cônico ou espiralado, variando de 2 a 3 cm de diâmetro e o comprimento de 15 a 60 cm, produzindo cerca de 500 a 2000 sementes por panícula. As sementes são de cores brancas e amarelas, podendo ser marrom a depender da variedade, com tamanho de 3 a 4 mm e o peso de 8 g (1000 sementes) (Dias- Martins et al, 2018;Souza et al, 2019).…”