Esporotricose felina e humana - relato de um caso zoonótico

A esporotricose constitui uma micose subcutânea, local ou sistêmica, de evolução subaguda ou crônica, causada por fungos dimórficos do complexo Sporothrix schenckii. Possui ampla distribuição mundial, tendo maior ocorrência em condições climáticas tropical e subtropical. Acomete o homem e uma grande variedade de animais domésticos, em destaque os felinos. A infecção se dá pela inoculação do fungo na pele e tecido subcutâneo, no contato com solo e vegetais secos contaminados, por arranhadura ou mordedura do animal infectado. No estado da Bahia casos têm surgido em várias cidades, como Camaçari, Lauro de Freitas, Mata de São João, Feira de Santana, sendo que a capital baiana está atenta à expansão da doença. Em virtude do aumento da casuística em Salvador e região metropolitana e de seu potencial zoonótico, objetivou-se neste trabalho relatar um caso da infecção por Sporothrix em um felino, macho, castrado, sem raça definida, com 4 anos de idade, 6,1 kg, proveniente da região metropolitana de Salvador, atendido na clínica Amizade Pet, onde houve transmissão para o tutor, mas com a melhora clínica total do paciente.

Section: Discussionunclassified

“…A confirmação é obtida com o isolamento do Sporothrix spp. a partir dos exsudatos das lesões (Araújo et al, 2020;Barros et al, 2012;Marques-Melo et al, 2014;Marques et al, 1993;Pires, 2017;Silva et al, 2015). Para o diagnóstico definitivo é necessária a cultura micológica de exsudatos, tecidos ou aspirados de lesões e isolamento do agente (Jericó et al, 2015).…”

unclassified

Esporotricose felina: Relato de caso

Ferreira¹,

Mencalha²

2022

“…O relato de caso em questão se mostra concordante com esta maior frequência observada. De acordo com Araújo et al (2020), a esporotricose nos felinos tem como área de inoculação inicial do fungo os membros posteriores, cabeça e cauda. Devido ao hábito de se lamberem como prática de higienização, o fungo pode ser distribuído para áreas distintas.…”

Section: Discussão Do Casounclassified

Sporotrichosis: A case report and a reflection in the light of One Health

Silvestrini¹,

Langoni²

2022

O conceito de Saúde Única baseia-se, sobretudo, na interrelação existente no trinômio saúde humana, saúde animal e meio-ambiente. Do relacionamento contemporâneo entre os seres humanos e os animais no ambiente que os circundam, emergem doenças, dentre elas as zoonoses, transmitidas dos animais ao ser humano. O presente trabalho objetiva relatar um caso de esporotricose felina, seu diagnóstico e tratamento, bem como a contextualização da doença com a problemática da Saúde Única, especialmente nos casos de abandono de animais.

“…A esporotricose é uma enfermidade fúngica, caracterizada como zoonose, pois pode ser transmitida dos animais aos humanos (Araujo et al, 2020;Barros et al, 2010). O agente causador dessa enfermidade é um fungo pertencente ao complexo Sporothrix schenckii (Orofino-Costa et al, 2017), classificado como termodimórfico, que apresenta-se de maneira leveduriforme a 37º C e na forma micelial à temperatura ambiente (Mezzari & Manole., 2012).…”

Section: Introductionunclassified

Diagnóstico citológico de esporotricose felina na região da Zona da Mata Mineira: Relato de caso

Oliveira¹,

Paula²,

Cardinot³

et al. 2021

Apesar de inúmeras suspeitas clínicas, existe uma escassez de dados sobre a ocorrência de esporotricose na região da Zona da Mata Mineira. Assim, este trabalho pretende relatar o primeiro caso de Sporothrix sp. identificado no Laboratório Clínico Veterinário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Foi atendido na Clínica Veterinária de Ensino da referida instituição, um felino com lesões ulceradas, edemaciadas, hiperêmicas, alopécicas e com focos de necrose em região lateral do tarso e na região interdigital do membro pélvico direito. O exame citológico revelou a presença de inúmeras estruturas leveduriformes fagocitadas e extracelulares, compatíveis com Sporothrix sp. Portanto, o animal passou a ser tratado conforme a prescrição de itraconazol 50 mg SID por 60 dias e uso de terbinafina spray tópica no local da lesão, duas vezes ao dia. Após cerca de dois meses, observou-se que o animal apresentava melhora nas lesões identificadas anteriormente. Porém, o mesmo passou a apresentar uma nova lesão em região frontal da cabeça, com a presença de alterações respiratórias. Então prescreveu-se a associação do iodeto de potássio ao itraconazol, além da utilização de medicação para os sinais respiratórios. No entanto, não houve resposta ao tratamento e ocorreu o óbito do animal. Sabe-se que, a ocorrência de sinais respiratórios está relacionada à refratariedade ao tratamento e morte do animal. Apesar disso, o diagnóstico de esporotricose é fundamental, principalmente utilizando-se o exame citológico, com uma identificação rápida e específica do agente, reduzindo a ocorrência da zoonose. Além disso, destaca-se a importância epidemiológica de descrever o primeiro diagnóstico citológico de Sporothrix sp. realizado no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da UFJF.