Este estudo analisou a magnitude da tuberculose pulmonar no período de 2007 a 2010 em municípios sul-mato-grossenses fronteiriços ao Paraguai e à Bolívia. Na região de fronteira, as taxas de incidência (49,1/100 mil habitantes), de mortalidade (4,0/100 mil) e de abandono do tratamento (11,3%) foram 1,6, 1,8 e 1,5 vez maiores do que na região não fronteiriça. Entre indígenas da fronteira, as taxas de incidência (253,4/100 mil habitantes), mortalidade (11,6/100 mil) e coinfecção por HIV (1,9/100 mil) foram, respectivamente, 6,4, 3,2 vezes e 1,9 vez maiores do que entre os não indígenas nesta região. Estar na região de fronteira revelou-se fator de proteção contra coinfecção por HIV. Constatou-se associação entre ser indígena e não abandonar o tratamento. Conclui-se que a população residente nesses municípios de fronteira vivencia elevado risco de adoecimento, de morte e de abandono do tratamento de tuberculose pulmonar, o que requer ações diferenciadas de vigilância em saúde.