O objetivo do artigo é analisar como as estruturas de governança locais estão interferindo na propensão à desertificação decorrente da ação antrópica em áreas rurais susceptíveis ao problema no estado do Ceará. Para tanto, foram utilizados dados primários obtidos por meio de aplicação de formulários junto a lideranças de comunidades rurais localizadas em áreas susceptíveis à desertificação. Como procedimentos metodológicos, inicialmente, foi adotada a metodologia PER (Pressão – Estado-Resposta) para descrever a situação da desertificação na região com suporte em um conjunto de indicadores. Em seguida foi elaborada uma matriz de indicadores de governança composta por seis dimensões. Os dois grupos de indicadores foram agregados em dois índices: Índice de Desertificação (ID) e Índice de Governança em Áreas Desertificadas (IGAD). Para verificar a relação entre governança e desertificação foram estimados modelos pelo método de mínimos quadrados ordinários e regressão quantílica. Os principais resultados mostraram que há uma correlação significativa inversa entre o ID e o IGAD, evidenciando que níveis mais elevados de implementação dos princípios de governança colaboram para reduzir a desertificação. Conclui-se, então, que o combate à desertificação requer o fortalecimento da estrutura de governança na ASD, de modo a envolver a sociedade civil, entidades públicas e privadas.Â