Resumo O tratado De esu carnium (Sobre comer carne) chegou-nos na forma de dois logoi, com múltiplas lacunas, sobretudo o segundo logos. Recuperando temáticas já desenvolvidas pela doutrina pitagórica, por Xenócrates, por Teofrasto ou pelos Estóicos, Plutarco argumenta sobre a natureza dos seres vivos, no âmbito da relação entre homem e animal. À semelhança de outros tratados do corpus plutarcheum, como Bruta animalia ratione uti (Os animais são racionais), mais conhecido por Gryllus (Grilo), ou o De sollertia animalium (Sobre a inteligência dos animais), a narrativa desenvolve-se em torno de questões relacionadas com a natureza e a psicologia dos animais, como a possibilidade de existir virtude e razão entre os animais, defendendo Plutarco a philanthropia e a generosidade com que se deve tratar todos os seres vivos, opondo-se, dessa forma, ao simples utilitarismo ou ao problemático princípio da necessidade. Sendo um dos tratados zoológicos, o De esu carnium é também um texto de carácter retórico pelo facto de Plutarco construir, por oposição aos Estóicos, uma teoria argumentativa que sustenta a ideia de que comer carne é παρὰ φύσιν ('contra a natureza'). Palavras-chave Plutarco, diaita, De esu carnium, retórica, condição humana, animal, physis, história da alimentação.