. Recebido para publicação em 25/6/2001. A correta identificação dos insetos na realização de um trabalho científico é fundamental para se avaliar a susceptibilidade a parasitas, a sensibilidade a substâncias tóxicas, a biologia e a eventual importância epidemiológica. Para isso, são realizados estudos taxonômicos detalhados, demorados e complexos.Após a publicação destes estudos taxonômicos, não é racional a insistência em desconsiderar a distinção taxonômica, para não correr o risco de desvalorizar os seus próprios resultados. Desde que seja viável a identificação dos insetos estudados, se eles não forem adequadamente distribuídos dentro dos grupos conhecidos e se não for publicada a sua distribuição nestes grupos, serão perdidas, sem necessidade, informações muito importantes.Os flebotomíneos antes incluídos em Lutzomyia intermedia (Lutz & Neiva, 1912) podem ser agrupados em duas espécies [L. intermedia s. s. e L. neivai (Pinto, 1926)], que constituem um complexo de espécies 3 . A identificação das fêmeas é facilmente feita pela observação das espermatecas e de seus dutos e dos dentes do cibário, além de existirem várias diferenças morfométricas adicionais 7 . Os machos podem ser diferenciados por morfometria, utilizando proporções entre medidas de estruturas e análise por rede neural 4 . O estudo do DNA mitocondrial permitiu distinguir dez haplótipos, alguns característicos de cada espécie, e ressaltou a proximidade entre as espécies 5 .As duas espécies apresentam distribuição geográfica distinta e precisam ser estabelecidos os limites exatos entre as distribuições de ambas e as áreas em que elas são simpátricas 8 . A L. intermedia parece ocorrer em áreas mais quentes e úmidas que a L. neivai e ambas ocorrem no Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, o que torna especialmente importante a identificação cuidadosa de material desta região. Foram r ev i s a d a s t o d a s a s r e fe r ê n c i a s a n t e r i o r e s a L. intermedia, Phlebotomus intermedius e outros 6 , de modo a organizar os dados referentes a estes insetos.Flebotomíneos deste complexo têm sido incriminados na transmissão de parasitas de Leishmania 1 2 9 10 11 12 . O estudo de infecção experimental destes insetos 9 é muito importante e precisa ser ampliado, se possível obtendo a transmissão entre mamíferos.Assim, a infecção experimental de flebotomíneos referidos como de L. intermedia, de campo e de laboratório 13 veio contribuir para o esclarecimento desta questão. No entanto, este trabalho, em que foram estudados numerosos insetos do Vale do Ribeira, não faz referência a qualquer dos estudos taxonômicos supracitados, o que deixa o leitor com duas hipóteses, ou seja, que os autores consideram o aspecto taxonômico irrelevante para o seu trabalho ou que não concordam com a distinção entre as espécies. Se os insetos fossem provenientes de alguma área na qual só tivessem sido encontrados exemplares de uma das espécies do complexo, como o Estado do Rio de Janeiro 9 10 11 , a Argentina 12 ou o interior de São Paulo 2 , seria bastante s...