Primo Levi, italiano, judeu e químico, sofreu os horrores do holocausto durante a segunda guerra mundial, ficando cerca de onze meses nos campos de concentração de Auschwitz. Essa experiência o motivou a se tornar escritor, produzindo poemas, contos, romances e ensaios. Suas primeiras obras foram: É isto um homem?, A trégua e Os afogados e os sobreviventes. Ele também escreveu A tabela periódica, livro que marca sua identidade como químico e tem um caráter autobiográfico. Neste artigo, três poemas do autor, presentes na coletânea Mil sóis, são analisados, buscando identificar conteúdos de química. Essa investigação é feita através da análise do discurso, considerando a perspectiva do dialogismo de Bakhtin. Os textos A obra, Um vale e o degelo, selecionados para essa análise, revelam a sensibilidade do autor e ao mesmo tempo o seu senso crítico. Os conceitos de química encontrados nesses poemas são: metais, ligação de hidrogênio e tensão superficial, em A obra; características da resina e conceito de temperatura, em Um vale; e separação de misturas, oxirredução e mudança de fase, em O degelo. Esses temas permitem pensar no uso desses poemas em sala de aula para o Ensino de Química, possibilitando uma abordagem social, interdisciplinar e contextualizada.