Estudo da evasão dos estudantes de Licenciatura e Bacharelado em Física: uma análise à luz da Teoria do Sistema de Ensino de Bourdieu

Abstract

A evasão e a retenção são problemas que circundam os cursos de Física por todo o Brasil. Neste artigo, apresentamos os resultados de uma investigação, que se propôs a levantar alguns dos motivos relacionados a esses fenômenos. Para isso, foram feitas entrevistas com estudantes e os professores dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Física da Universidade Federal de Ouro Preto. Para o estudo dessa problemática assumimos a Teoria do Sistema de Ensino de Bourdieu, evidenciando as diversas relações de dominância existentes nos cursos, o que contribui para que a evasão e a retenção nesta Universidade analisada sejam altíssimas. Entre as conclusões a que chegamos, após os procedimentos analíticos do corpus investigativo, ou seja, dos relatos coletados, destacamos: para os estudantes esses motivos concentram-se nas relações pessoais “complicadas” com os professores e na rotina “acelerada” nas repúblicas em que residem; para os professores, o principal fator está relacionado ao uso do curso de Física como um “trampolim” para outros cursos, principalmente, Engenharias.

Investigação da evasão no curso de Física–Licenciatura da Unicentro / Investigation of dropout in the Physics-Licenciatura course at Unicentro

“…Também há os fatores individuais de cada aluno, o que pode aumentar o leque de possíveis causas da evasão, sendo eles relacionados ao interesse e habilidades de aprendizagem do indivíduo, formação escolar anterior, dificuldades em adaptação à vida universitária, desconhecimento do curso escolhido e possíveis novos interesses (ANDIFES et al, 1996). Quanto a estes fatores, pode-se acrescentar o levantamento de Fernandes et al (2020), o qual apresentam relatos apontados pelos acadêmicos da Universidade Federal de Ouro Preto quanto à dificuldade que apresentam em se manter o coeficiente acima de 6.0. Essa complicação dificulta a aquisição de bolsas de estudo, como em programas de Iniciação Científica, por exemplo; resultando na distribuição dessas para outros cursos.…”

“…Além disso, é de suma importância ressaltar o que foi apontado pelos autores Fernandes et al (2020), no que diz respeito ao cálculo que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) realiza com relação a proporção de conclusão média nos cursos de graduação, uma vez que essa evasão acarreta, por parte do governo federal, em investimentos cada vez menores.…”

Identidade E Desenvolvimento Profissional De Professoras De Ciências Como Uma Questão De Gênero: O Caso De Natália Flores

“…É usual que a formação de professores admita uma quantidade relativamente maior de estudantes de escolas públicas e provenientes de classes menos favorecidas, que veem na licenciatura uma oportunidade de ingressar na universidade (Dominguez et al, 2015). Para várias professoras universitárias, esse "efeito trampolim" e a falta de identificação com o curso são as principais razões da evasão de estudantes de licenciatura e bacharelado em Física (Fernandes, Ueno Guimarães, Robert, & Passos, 2020). Contudo, há indícios de que a vontade de abandonar o curso não está consolidada no momento do ingresso, mas é construída por meio das experiências de integração das e dos estudantes no curso .…”

Qual É O Efeito Da Desigualdade Social No Desempenho Em Ciências Dos Estudantes Brasileiros? Uma Análise Do Exame Nacional Do Ensino Médio (2012-2019)

“…Para responder às questões acima, apresentamos uma análise baseada no método estatístico que se consagrou nos estudos empíricos de Pierre Bourdieu (1984Bourdieu ( , 1990): a análise de correspondência. Redescoberto recentemente pela pesquisa em educação em Ciências (Claussen & Osborne, 2013), Bourdieu pode ser considerado um autor relevante para pensarmos diversos desafios contemporâneos, tais como a evasão dos cursos de graduação (Fernandes, Ueno Guimarães, Robert, & Passos, 2020;Lima Junior, 2013;Massi & Villani, 2015), o desenvolvimento do interesse por ciência em sala de aula (Anderhag, Hamza, & Wickman, 2015); as aspirações profissionais relacionadas às Ciências de jovens estudantes (Archer, Dawson, DeWitt, Seakins, & Wong, 2015); a formação e desenvolvimento profissional docente (Genovese, Queiroz, & Castilho, 2015;Mello & Higa, 2018), as estratégias de distinção dos estudantes de Ciências (Almeida & Watanabe, 2019), e, finalmente, o desempenho dos estudantes nas avaliações de Ciências da Natureza (Lima Junior, Ostermann, & Rezende, 2013;Nascimento et al, 2018).…”