Fundada oficialmente em 1639, a Missão da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão e Grão-Pará levou mais de meio século para se consolidar. Nesse processo, diversos escritos de conteúdo programático, redigidos ou inspirados pelos padres Luís Figueira, Antônio Vieira e João Felipe Bettendorff, foram de fundamental importância. Embora escritos em contextos diferentes, os textos (um memorial, um regulamento interno e uma lei régia) reclamam a “dupla administração” (espiritual e temporal) dos missionários inacianos sobre os aldeamentos na região amazônica. A análise desses escritos possibilita compreender a organização da vasta rede de missões, tanto no que diz respeito à mediação cultural que ocorreu internamente quanto no que se refere à sua função coestruturante para a formação da sociedade regional e, de forma mais ampla, do projeto colonial na Amazônia portuguesa no século XVII.