O presente estudo tem como objetivo mapear aspectos que podem se relacionar à Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, em pilotos de asas fixas e asas rotativas no Brasil. Essa síndrome é entendida como um fenômeno ocupacional multidimensional que compromete o bem-estar do indivíduo, degradando sua saúde, sendo resultado da exposição constante a estímulos estressores no ambiente laboral. O indivíduo poderá apresentar sintomas fisiológicos e psicossociais, como mudanças de humor e de comportamento, estresse, cansaço, fadiga, dificuldade de concentração, exaustão e perda de motivação. Foi realizada uma pesquisa de campo que utilizou um questionário eletrônico desenvolvido na plataforma Google Forms para coleta de dados. Participaram do estudo 70 pilotos de asas fixas e asas rotativas que estavam ou já estiveram empregados na aviação como pilotos. Os resultados mostraram que a maioria dos participantes sente aumento dos níveis de cansaço físico e mental proporcional à carga de trabalho e teve queda em seu desempenho devido ao cansaço. Os participantes também notaram alterações em seu ciclo circadiano e imunidade, possivelmente devido à falta de rotina no trabalho. A maioria deles declarou priorizar o trabalho em detrimento da vida pessoal e que se sente isolada em função do alastramento da doença Covid-19, ainda que suas atividades laborais estejam fora do contexto de pandemia, e que a falta de rotina compromete, em algum grau, seus relacionamentos interpessoais e o contato familiar. Assinalaram também dificuldade de delegar funções a outros membros da equipe e de negar solicitações provenientes de seus superiores. Os resultados obtidos sinalizaram alguns fatores que podem gerar o adoecimento do aeronauta em função do esgotamento profissional proveniente das diversas demandas presentes em seu ambiente laboral. Ao final do estudo, sugere-se a condução de novas pesquisas que auxiliem tanto na discriminação de estímulos estressores aos quais os aeronautas são expostos, quanto no desenvolvimento de estratégias de prevenção do adoecimento do trabalhador no modal aéreo, de modo a reforçar os níveis de segurança na aviação e promover a melhoria contínua no gerenciamento do fator humano.