Estudos culturais latino-americanos e Jesús Martín-Barbero: mais afinidades do que disputas

Abstract

RESUMOÀ revelia da afirmação de Martín-Barbero de que "nosostros habíamos hecho estudios culturales mucho antes de que esta etiqueta apareciera" trata-se aqui de reivindicar que, sem a obra Dos meios às mediações, os estudos culturais latino-americanos não teriam vingado, em especial aqueles vinculados à comunicação. Na defesa desse argumento, destaco o parentesco entre os estudos culturais, sobretudo, na versão associada à Escola de Birmingham, e as premissas do programa de investigação proposto pelo autor espanhol-colombiano. Para rastrear essas afinidades, adoto a combinação entre duas vias metodológicas: a programática e a etnográfica. Palavras-chave: Estudos culturais, América Latina, Martín-Barbero, Escola de Birmingham ABSTRACT Although Martín-Barbero claims that "we had done cultural studies long before this label appeared", this article sustains that, without De los medios a las mediaciones (From the Media to Mediations), Latin American cultural studies would not have developed, especially those linked to communication studies. The argument highlights the kinship between cultural studies, especially in the version associated with the Birmingham School, and the premises of the research program proposed by the Spanish-Colombian author. To trace these affinities, the combination of methodological programmatic and ethnographic approaches was adopted.

Um arranjo produtivo local sob a perspectiva da teoria da regulação cultural: o caso do Porto Digital englobando o Portomídia

“…Os EC representam uma abordagem multidisciplinar envolvendo áreas do conhecimento como estudos literários, sociologia, comunicação e linguística, as quais se voltam para os modos de produção e geração de significados na sociedade contemporânea (Mattelart & Neveu, 2004). Essa abordagem é decorrente dos estudos de pesquisadores como Richard Hoggart, Raymond Williams, Edward Palmer Thompson, Stuart Hall e Richard Johnson que integravam o CCCS na Universidade de Birmingham (Escosteguy, 2013(Escosteguy, , 2018.…”

“…Da mesma forma que autores como Williams (1974) descrevem a experiência da recepção como fenômeno complexo, multidimensional e portador de múltiplos significados, a discussão do fenômeno regulação o vê como uma prática cultural articulada em meio às complexidades da relação entre economia, política e sociedade. Todos esses campos auxiliam o entendimento de um contexto cultural como sendo o resultado contingencial de uma variedade de influências que se sobredeterminam (Escosteguy, 2018;Thompson, 1997).…”

O “percurso do reconhecimento” nos estudos da comunicação

“…Era necessário que nos aprofundássemos nas leituras de Richard Hoggart, Raymond Williams, Edward Palmer Thompson e Stuart Hall e de suas heranças gramscianas. Ana Carolina D. Escosteguy (2018) registra com detalhes essas afinidades entre os pensadores da Escola de Birmingham e as proposições de Martín-Barbero e outros autores latino-americanos. Dentre eles, destaco as classificações propostas por Guillermo Orozco Gómez ( 2005), a partir da cartografia desenhada por Martín-Barbero, que me ajudaram em exercícios de aplicação junto a estudantes de Comunicação.…”

Comunicação pública nas empresas: permeabilidades entre público e privado em direção ao desenvolvimento sustentável

“…Assim, o que propomos aqui é, diferentemente do raciocínio anterior, olharmos no entremeio dessa relação entre público e privado, considerando uma abordagem sistêmica e que não assuma a passividade do sujeito, mas, sim, seu potencial de agente, em suas expressões individuais e coletivas, como construtor do tecido social (MARTIN-BARBERO, 2009ESCOSTEGUY, 2018, LEMOS, 2017 Durante boa parte do século XX, os suportes explicativos utilizados praticamente oscilaram em torno das teorias fundadoras, ou seja, dentro de um dualismo explicativo e já insuficiente para iluminar análises de práticas e vivências, sendo constantemente acumuladas e transformadas. (SOUSA, 2006, p. 226) Assim, a sistematização apresentada por Lemos (2017) e a contextualização de amalgamam as discussões iniciadas neste capítulo e permitem-nos seguir com a proposta de que o papel do setor privado Fonte: Lemos (2017, p. 133 Essa responsabilidade vicária por coisas que não fizemos, esse assumir as consequências por atos de que somos inteiramente inocentes, é o preço que pagamos pelo fato de levarmos as nossas vidas não conosco mesmos, mas entre nossos semelhantes, e de que, a faculdade de ação, que, afinal, é a faculdade política par excellence, só pode ser tornada real numa das muitas e múltiplas formas de comunidade humana.…”

“…É um chamado que demanda articulação intersetorial e atenta para a urgência de guiarmos a noção de estratégia pelo bem comum, em busca de soluções que promovam a segurança alimentar, atenuem a crise climática, combatam a violência contra a mulher, erradiquem doenças infectocontagiosas e universalizem o acesso à educação, por exemplo. Nessa conjuntura, em que o compromisso empresarial aumenta frente aos desafios sociais, ambientais e econômicos e demanda a adoção de práticas responsáveis, os estudos e práticas de comunicação pública na ambiência empresarial ganham relevância pelos valores coletivos que são capazes de expressar, uma vez que a lógica do desenvolvimento sustentável coloca em xeque a supremacia da temática econômica e extrapola as dicotomias e os dualismos presentes em teorias que consideram que às empresas cabe a primazia por lucros e empregos, e ao Estado cabe zelar pelos temas sociais e pelo interesse público.Assim, associado ao primeiro objetivo específico desta pesquisa -o de refletir sobre a compreensão do interesse público e sobre as expectativas da sociedade perante as organizações privadas -valemo-nos dos estudos teóricobibliográficos e interdisciplinares para investigar o que denominamos de permeabilidade pública no setor privado, ou seja, o processo no qual as empresas passaram a incorporar/responder/se ocupar de demandas extraeconômicas oriundas da sociedade, uma vez que os atores sociais são agentes transformação e tecem ressignificações pelas interações sociais, pela comunicação e pela cultura(MARTIN-BARBERO, 2009ESCOSTEGUY, 2018, LEMOS, 2017.Da filantropia corporativa, cuja base advém do altruísmo e dos valores religiosos, aos debates mais robustos sobre desenvolvimento sustentável, que escancara os conflitos das atividades do capitalismo industrial, há um acúmulo de evidências nos campos da administração, da comunicação e da…”