A partir da proposta teórica da arqueologia das mídias, esse texto apresenta uma metodologia para observar a institucionalização do streaming no Brasil contemporâneo. Espera-se contribuir na discussão sobre a matéria que elabora uma mídia, com atenção à sua forma. Isso consiste numa cartografia das relações de força envolvidas, com atenção pontual sobre a sedimentação em torno de uma norma jurídica: o SeAC, a Lei do Serviço de Acesso Condicionado. A partir do entendimento tanto de Foucault quanto de Deleuze e Guattari sobre a relação entre forma de expressão e de conteúdo, o conceito de diagrama, a visão particular sobre signos e a ideia de transformação incorpórea, entende-se os termos dessa lei como permissões e impedimentos que delimitam o horizonte no qual o audiovisual on-line pôde vir a se organizar. Cartografar essas forças significa identificar os pontos-chave em disputa na elaboração dessa lei e na tentativa de dissolvê-la: o sistema de cotas então proposto e a separação patrimonial criada para proteger as operações locais de broadcast. Ambos consistem em barreiras para o imperativo de intenso deslocamento numa intensa velocidade, traço identificado por Virilio como fator-chave na modernidade, que, no streaming, encontra-se em franca operação.