Etnobotânica de plantas tóxicas como subsídio para campanhas de prevenção de acidentes: um estudo de caso em Cananéia, São Paulo, Brasil.

Abstract

Para a diminuição dos casos de acidentes com plantas tóxicas, é necessário ampliar o conhecimento da população sobre as plantas. Campanhas informativas mostram-se como as melhores maneiras de diminuir os casos de intoxicação. Este trabalho teve por objetivo fazer um levantamento etnobotânico com os moradores do município de Cananéia-SP sobre as plantas tóxicas conhecidas e identificar áreas prioritárias para ações de conscientização e prevenção de acidentes. O município foi dividido considerando sua porção insular (bairros urbanos) e a parte continental (bairros rurais), a amostra definida pelo método “bola de neve” e entrevistas semiestruturadas foram realizadas. Não há diferença significativa entre a diversidade de plantas tóxicas conhecidas nas porções insulares e continentais. As duas áreas apresentaram alta diversidade de etnoespécies conhecidas, e também baixa similaridade, indicando a necessidade de ações específicas, com foco em espécies ornamentais para as áreas insular e continental do município, adicionado das nativas para a última.

Riscos associados à utilização de plantas venenosas da família Araceae na ornamentação de casas e jardins públicos

“…No que se refere à toxicidade da comigo-ninguém-pode, duas perspectivas são abordadas. Alguns pesquisadores afirmam que a planta é tóxica devido à sua ação irritante mecânica, causada pelos cristais em formato de ráfides que contêm oxalato de cálcio (Oler et al, 2019). Por outro lado, outros preferem enfatizar que essa toxicidade deriva de um processo alérgico induzido por enzimas (De Oliveira et al, 2023).…”

“…Por outro lado, entre adultos, esses incidentes geralmente são resultado do uso excessivo de plantas medicinais ou da utilização de plantas com propriedades abortivas ou alucinógenas. Para mitigar esses riscos, é possível adotar medidas de conscientização a respeito da toxicidade de certas espécies vegetais (Oler et al, 2019).…”

Potencial de uso medicinal e místico de plantas utilizadas em rituais de umbanda

“…As plantas medicinais são usadas ainda hoje como um recurso terapêutico, principalmente pela parcela da população que não tem acesso aos medicamentos industrializados. Campos et al (2016), afirmam que o uso indiscriminado das plantas medicinais sem uma comprovação científica pode oferecer riscos de intoxicação (SILVA, 2018;OLER et al, 2019), principalmente aquelas espécies que atualmente não se tem estudos científicos de sua atividade biológica. Além disso, a partir de sua exploração científica pode haver o desenvolvimento de novos fármacos, comprovando assim sua atividade medicinal, diminuindo os riscos à saúde humana.…”

Erva-Baleeira, Uma Possibilidade Real Da Sociobiodiversidade Para Modelos Sustentáveis De Produção

“…Seu chá também é usado contra reumatismo, dores de barriga e verminoses. A espécie também é citada em estudos realizados na Reserva Biológica de Poço das Antas/RJ (Christo et al, 2006), nas comunidades da Marambaia e Camboinhas (Itacaré, BA) (Pinto et al, 2006), no município de Cananéia/SP (Oler et al, 2019) e nas feiras livres da zona norte e sul do município do Rio de Janeiro/RJ (Maioli- Azevedo et al, 2007). Descrições internacionais do uso da planta mostram que ela é usada para tratamento de diarreia, no México, e controle de parasitas em animais domésticos em Trinidad-Tobago (Lans et al, 2000;Hernández et al, 2003).…”