Esse artigo investiga a relação entre a dispersão geográfica e taxas de franquia em redes franqueadas operando no Brasil. Essas organizações normalmente cobram de franqueados uma taxa fixa inicial no ato da compra da franquia, além de, normalmente, praticarem royalties contínuos cobrados sobre o faturamento bruto de cada unidade franqueada. O presente estudo adota o framework da teoria da agência, assumindo que a dispersão geográfica em redes de franquias eleva a complexidade e, consequentemente, os custos de monitoramento. Na presença de monitoramento insuficiente, problemas de comportamento indesejado de franqueados podem surgir. Tais problemas poderiam afetar tanto o fluxo de caixa da rede em decorrência da queda no faturamento das unidades – e, por conseguinte, o pagamento de royalties – como o próprio valor da marca da rede franqueada em função da queda na qualidade de atendimento, por exemplo. Este quadro pode levar as redes franqueadas a adotarem maiores incentivos ao bom comportamento de franqueados; por exemplo, praticando taxas de franquia mais reduzidas. No entanto, mesmo em presença de uma elevada dispersão espacial das unidades, esse efeito poderia ser moderado por características da operação que permitissem monitoramento à distância mais eficiente. Por exemplo, em redes de varejo, o giro de estoques poderia ser usado como indicador de desempenho em vendas. O estudo então desenvolve e testa um modelo econométrico para estimar o efeito da dispersão geográfica e de características das redes quanto ao monitoramento à distância sobre o setup das taxas fixas e variáveis praticadas por redes de franquia operando no Brasil. Um total de 376 redes associadas à Associação Brasileiras de Franchising (ABF) são investigadas em uma análise cross-section tendo como base o ano de 2011. Os resultados apresentam evidências de que redes franqueadas mais dispersas tipicamente praticam taxas de royalties mais baixas. Por outro lado, certas características reduzem este efeito tais como a presença de estoques nas unidades, maior nível de automação nas unidades e uma maior proporção de lojas posicionadas em shopping centers. No entanto, para as taxas fixas os resultados não são conclusivos. O estudo também constatou que as taxas de franquias fixas e variáveis não apresentam efeito substitutivo entre elas, ou seja, não são inversamente proporcionais, o que indica uma diferenciação do cenário brasileiro em relação a outros países.