RESUMO Objetivo: Analisar a tendência na taxa de detecção de sífilis em gestantes (SG) e na taxa de incidência de sífilis congênita (SC) no estado do Ceará. Métodos: Estudo ecológico que utilizou a técnica da série temporal interrompida para analisar os dados mensais de casos de SG e SC obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no período de janeiro de 2015 a julho de 2021. Utilizaram-se o teste de Kernel e a estimativa de Lincoln-Petersen para analisar a significância estatística. Resultados: Em 2015, estimou-se uma taxa de detecção mensal de SG de 5,4 e de incidência de SC de 8,2 por 1 mil nascidos vivos (NV). A implantação da portaria que alterou os critérios de definição de caso de SG e de SC implicou no aumento de 4,9 na taxa de detecção de SG (p<0,0001; IC95% 3,33; 6,61) e na queda de 0,1 na taxa de incidência de SC (p<0,001; IC95% -0,2; -0,1). A pandemia de COVID-19 não impactou na taxa de detecção mensal de SG (p=0,558; IC95% 5,92; 3,22), nem na sua tendência (p=0,7397; IC95% 0,28; 0,3), mas houve aumento de 0,19 na de SC (p<0,001; IC95% 0,1; -0,31). Conclusões: Entre os anos de 2015 e junho de 2021, a tendência na taxa de detecção de SG e na taxa de incidência da SC sofreu impacto das mudanças nos critérios de definição de caso desses agravos propostas pelo Ministério da Saúde e da pandemia de COVID-19.