RESUMOEm razão do aumento das taxas de cura e sobrevida de crianças e adolescentes acometidos por câncer, é crescente o interesse pelo tema da sobrevivência nas diversas áreas do conhecimento humano. Este artigo oportuniza uma reflexão acerca dos desafios relacionados à experiência de sobreviver ao câncer no período infanto-juvenil. A sobrevivência ao câncer exige capacidade de conviver com o paradoxo de reconhecer a condição de curado e saber da possibilidade constante de recidiva. A criança e o adolescente, após o término do tratamento, trazem consigo a bagagem que lhes impõe essa experiência, e a qual repercutirá de forma marcante em sua vida. Neste sentido, tanto eles como suas famílias precisam contar com o apoio da rede social para obter sucesso em sua trajetória de vida. É fundamental que os profissionais de saúde, em especial os da área da enfermagem, esforcem-se continuamente na busca do reconhecimento das necessidades da criança e do adolescente que sobreviveram ao câncer, a fim de criar condições que possibilitem, além do prolongamento da sobrevida, a melhoria de sua qualidade de vida.Palavras-chave: Adolescente. Neoplasias. Enfermagem Pediátrica. Sobreviventes.
INTRODUÇÃOAo longo da vida, o ser humano se depara com o processo de adoecer, dele próprio ou de outros, vivência que ele pode enfrentar de diferentes maneiras. A doença é uma ruptura com o modo de existir do ser humano, porquanto modifica o seu cotidiano, e, ao vivenciarem esse processo, tanto a criança como o adolescente precisam reconstruir sua vida para enfrentar suas repercussões.A saúde e o adoecer são formas por meio das quais a vida se manifesta, e estas experiências singulares e subjetivas são difíceis de traduzir somente pelo significado da palavra, pois é na relação entre a experiência de saúde e/ou doença e a objetividade dos conceitos envolvidos que apreendemos a lidar com as mudanças existenciais próprias da condição humana.A condição de portadora de uma doença grave, que necessita de tratamento agressivo, leva a criança e sua família a se defrontarem com um grande desafio, que as faz desenvolver uma nova bússola para suas vidas a qual irá ajudá-las a se apropriar de novos conhecimentos sobre como fazer e conviver com a doença. A capacidade de adaptação à doença depende de fatores como apoio familiar e rede social, acesso aos serviços de saúde, características individuais, complexidade da doença, suporte da equipe de saúde e outros. Vários autores abordam estas questões em seus estudos, utilizando diferentes referenciais teórico-metodológicos e populações diversas (1)(2) . A existência de uma doença, seja ela aguda ou crônica, requer da pessoa afetada mudanças no seu estilo de vida. As doenças crônicas geralmente levam a mudanças permanentes e podem surgir nas diferentes faixas etárias, diferentemente das agudas, que impõem um curso relativamente breve da doença e podem ser curadas. Destarte a doença crônica afeta toda a família, gerando momentos difíceis, com avanços e retrocessos nas relações. As mudanças na vida da criança doe...