As residências em saúde buscam promover a formação de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS) com foco na atuação interdisciplinar. Entretanto, nos cenários de aprendizagem das residências em saúde, a hegemonia biomédica ainda é predominante, repercutindo na ausência de iniciativas regulares de formação pedagógica compartilhadas entre os programas de residência médica e multiprofissional. Considerando que a colaboração interprofissional é imprescindível para o cuidado integral dos indivíduos e coletividade, a pesquisa objetivou compreender a percepção de preceptores e residentes sobre a colaboração interprofissional entre os programas de Residência Médica e Multiprofissional em Pediatria de um hospital pediátrico da rede pública de saúde no município de Fortaleza-Ceará. Trata-se de um estudo transversal, exploratório de métodos mistos, onde foram aplicados questionários (composto por 06 questões em escala tipo likert e 01 questão dissertativa) em 81 preceptores e residentes. Para apreciação dos dados, realizou-se a análise estatística descritiva e inferencial, bem como a análise de conteúdo categorial temática das respostas dissertativas, para apreciar o campo dos imaginários vigentes apresentados pelos participantes do estudo. Os principais resultados demonstraram que preceptores e residentes reconhecem e valorizam a formação colaborativa e interprofissional, entretanto, é significativa a diferença de percepção entre os atores dos dois programas. Constatou-se que as práticas interdisciplinares e colaborativas são pouco efetivadas nos cenários de prática, pois entendemos que os espaços institucionais formais são insuficientes para a execução da integração entre os programas. Conforme os residentes e preceptores entrevistados no presente estudo, faz-se necessário que nestes cenários de prática sejam efetivadas mais iniciativas de colaboração interprofissional para promover a interdisciplinaridade. No âmbito teórico sugere-se a integração de currículos e para enriquecer as experiências de aprendizagem.