Discutir avaliação é uma tarefa complexa, porém necessária, já que muitas das decisões políticas educacionais são tomadas com base nos instrumentos avaliativos atuais. A legislação brasileira prescreve que os aspectos qualitativos se sobreponham aos quantitativos no modo de avaliar os estudantes. No entanto, são os indicadores quantitativos que prevalecem no nosso sistema de avaliação educacional. Existe na literatura um amplo debate sobre os aspectos que devem ser contemplados nos instrumentos avaliativos, não sendo diferente na área do Ensino de Ciências (EC). Com base nas atuais contribuições da neurociência para a educação, entendemos que cada indivíduo carrega consigo um conjunto de imagens neurais exclusivas, decorrentes de um contexto único, que faz com que compreendam o mundo de forma particular. Respeitando esta individualidade cognitiva, a linha de investigação das Múltiplas Representações (MR) defende o uso de diferentes formas simbólicas no discurso do EC. Esse respeito à diversidade cognitiva merece ser integrado à avaliação, estruturando-a conforme o modo representacional empregado no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, o nosso trabalho busca fomentar a discussão sobre avaliação no ensino básico, apresentando uma forma de união e inter-relação entre o processo de ensino e aprendizagem e os instrumentos de avaliação, exemplificada através de uma Estratégia Didático-Avaliativa (EDA). Voltada ao EC, esta estratégia foi estruturada sob o viés de uma avaliação qualitativa, guiada pela diversidade representacional e pelos fundamentos da neurociência. Sendo um dos autores desse estudo pesquisador e professor regente do ensino fundamental,realizamos a aplicabilidade dessa estratégia em uma turma do sexto ano do ensino fundamental, numa escola da rede pública municipal, no município de Uruguaiana/RS. Por meio de uma pesquisa-ação, buscamos promover uma perspectiva crítica e humanista no enfoque da avaliação, para que ela passe a valorizar diferentes formas de expressão, e não apenas as que são ditadas pelas demandas do mercado. O conteúdo gerado nessa pesquisa-ação resulta de uma ação empreendida a título de experimentação, em uma situação real de sala de aula. Como resultados dessa investigação-ação, notamos a influência do conhecimento prévio dos estudantes sobre a construção do próprio conhecimento. Além disso, quando ofertado um modo alternativo de exporem suas ideias, eles se expressaram de forma autêntica e genuína, representando, por vezes, símbolos do seu cotidiano. Em uma atividade prática em grupo, utilizada tanto como recurso de ensino quanto como instrumento de avaliação, permitiu-nos perceber habilidades que só se sobressaem em atividades experimentais. Essa multiplicidade de representações, adotada em nossa EDA, desafiou-nos a analisar as diferentes respostas manifestadas nos instrumentos avaliativos estabelecidos, por meio dediferentes juízos de valor, pois a qualidade da avaliação também está no respeito à diversidade, ao ritmo e à maneira como cada estudante constrói o seu conhecimento nas diferentes modalidades representacionais. Dessa forma, com o conteúdo gerado pelo presente trabalho, esperamos contribuir para o contínuo avanço de uma prática de avaliaçãoque seja desenvolvida durante o processo de ensino e aprendizagem, e que não se restrinja apenas a uma etapa final.