A deficiência física articula a relação entre um organismo com anomalias e um meio social para que se configure, ou não, como uma incapacidade, tendo dimensões indissociáveis. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) sistematiza essa relação, fornecendo um modelo de compreensão sustentado na complexidade que considera os aspectos orgânicos, ambientais e pessoais. Em forma de um modelo complexo, Freud estabeleceu as séries complementares, uma maneira de tratar as condições orgânicas e relacionais na constituição do psiquismo. Dados os modelos, o artigo tem por objetivo articular sistematicamente a CIF e as séries complementares quanto à compreensão da deficiência física. Foi constituído um esquema de três eixos inter-relacionados (componentes orgânicos, fatores ambientais e fatores pessoais). Confrontando-os dois a dois verificou-se que as séries complementares tratam, mais particularmente, da incidência do ambiente no pessoal, ainda que os demais dados coloquem questões importantes para o tema. Já a CIF trata com propriedade da incidência do ambiente no organismo, apresentando lacunas ao tratar dos aspectos pessoais. Conclui-se, assim, que a perspectiva adotada pela CIF representa um avanço ao inserir aspectos referentes à subjetividade na compreensão das deficiências, mas carece de um aprofundamento da consideração de tal dimensão. As questões levantadas a partir da discussão podem auxiliar nessa demanda, oferecendo temas a serem mais bem explorados e que podem contribuir com a CIF. Deste modo, ressalta a importância das compreensões complexas.