Explorando problemas arqueológicos com técnicas físico-químicas: a trajetória do Grupo de Estudos Arqueométricos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, Brasil

Abstract

Resumo O presente artigo traz uma revisão da principal literatura produzida pelo Grupo de Estudos Arqueométricos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Comissão Nacional de Energia Nuclear, de São Paulo (IPEN-CNEN/SP), criado em 1997, como consequência de uma iniciativa internacional para motivar o uso de técnicas nucleares para caracterização de materiais arqueológicos. Desde aquele momento, e até hoje, o grupo tem desenvolvido parcerias com pesquisadores/as de diferentes regiões do Brasil e de outros países para oferecer subsídios à compreensão interdisciplinar das cadeias operatórias de produção da cerâmica. Além disso, também vem aportando dados para o estudo multielementar e mineralógico de depósitos arqueológicos. Ao descrever brevemente os princípios das técnicas empregadas e a síntese dos resultados obtidos para cada estudo de caso, o objetivo foi demonstrar a contribuição das análises físico-químicas para questões relacionadas a aspectos culturais, como escolhas tecnológicas compartilhadas, redes de trocas e interações sociais em diferentes períodos do passado.

Nuclear and non-nuclear analytical techniques applied to pre-colonial archaeological ceramics from the upper Madeira River/Brazil (940 to 760 B.P)

“…This approach has contributed to understanding the technological choices linked to selecting specific clay sources [29]. The results suggest that these different indigenous groups who inhabited the upper Madeira River region between 940-760 B.P selected three clay sources to produce their vessels.…”

Estudos Arqueométricos Da Cerâmica Arqueológica Do Sítio Bimbarras – Bahia

“…Essas técnicas voltadas para compostos e minerais, como a difração de raios X (DRX), que além de identificar a mineralogia das argilas empregadas (mica, quartzo, feldspato, entre outros) podem indicar a temperatura de queima da cerâmica, pela presença de determinadas fases cristalinas na amostra (Coelho e Vieira, 2002, Munita et al, 2020, Santos, 2019. Assim, enquanto as técnicas citadas acima dedicam-se a respeito da origem e manufatura da cerâmica, ferramentas como a cromatografia gasosa (GC) destina-se a identificar resíduos orgânicos, advindo da preparação de alimentos, procurando elucidar questões a respeito do uso (Evershed et al,1990).…”

Sinais antropogênicos em sítios abrigados areníticos e calcários no vale do Ribeira e na bacia do rio Corumbataí, SP, Brasil: uma abordagem geoarqueológica

“…Dentre elas, destacam-se a não detecção do elemento P devido a sua seção de choque muito pequena (Verma, 2007, p. 268), indicador habitual de aporte antrópico, e a cada vez menor disponibilidade de reatores de pesquisa no mundo (Speakman;Glascock, 2007;Bishop, 2017). Devido à sua habilidade para caracterizar comportamentos geoquímicos diferentes, a principal aplicação na arqueologia é o estudo da proveniência das pastas cerâmicas, obsidiana e outros materiais (Glascock, 1992(Glascock, , 2019Speakman;Glascock, 2007;Munita et al, 2020). É justamente essa possiblidade de fingerprint diferenças num grão mais fino o que justifica o uso de técnicas que medem elementos minoritários e traço no estudo de 201 sedimentos arqueológicos (Linderholm;Lundberg, 1994;Davidson;Cresser, 2008;Gallello et al, 2013).…”

“…A estratégia de análise dos dados obtidos por meio da INAA envolveu uma sequência típica para a discriminação de grupos composicionais (Glascock, 1992(Glascock, , 2019Munita et al, 2020). Em primeiro lugar, realizou-se um controle de qualidade analítico, a partir do estudo dos dados obtidos para as amostras do material de referência (RM) ISE-2015-1 para determinar tanto a precisão, i.e.…”

“…A argila também faria parte de grânulos de entre 2 e 4 mm (agregados núcleo alvo do átomo, mediante uma colisão inelástica ou captura (dentre outros), produz um núcleo composto em estado altamente energético, que volta para condições estáveis de forma imediata devido à emissão de um ou mais raios gama prontos, um próton ou uma partícula alfa (Verma, 2007). O radioisótopo resultante emite partículas ou raios gama atrasados (delayed gamma rays) característicos num processo espontâneo e estatístico de transformação de átomos, conhecido como decaimento radioativo Hazenfratz, 2019, p. 182-183;Munita et al, 2020). O número de átomos radioativos que decai por unidade de tempo é denominado de atividade, A, a qual é medida pela lei da radioatividade:…”