Objetivo: O presente estudo teve como objetivo pesquisar o impacto da pandemia COVID-19 na realidade profissional de assistentes sociais portugueses e brasileiros. Os assistentes sociais foram desafiados a exercer a sua prática profissional, enquanto serviço essencial, em condições de grande incerteza e de elevado risco, como foi o da pandemia. A investigação organizou-se em três eixos de análise: 1) impacto da pandemia nos beneficiários diretos do serviço social; 2) dificuldades, desafios, novas práticas e metodologias na intervenção social; 3) conciliação entre a vida pessoal e a vida profissional e preocupações futuras. Métodos: Recolha de dados por meio de um questionário sociodemográfico e profissional e um guião de entrevista. Em Portugal, foram realizadas 20 entrevistas a assistentes sociais usando a plataforma de videoconferência Zoom, e no Brasil foram efetuadas 17 entrevistas que decorreram de forma presencial, entre dezembro de 2021 e março de 2022. Resultados: O distanciamento social durante a pandemia implicou a adoção de tecnologias virtuais na prática do serviço social. Numa prática profissional em que o face a face é fundamental na relação, o confinamento e o isolamento foram constrangimentos extraordinários. Os assistentes sociais conviveram com insegurança, dificuldades de acesso a equipamentos de proteção individual, intensificação do trabalho e adaptação a uma nova dinâmica de trabalho. Conclusões: Os assistentes sociais inquiridos, apesar de exaustos, expressaram ter sido resilientes e capazes em rapidamente se adaptar a novas práticas, recusando-se a abandonar os valores e princípios éticos da profissão. Num contexto de grande incerteza, de pouca informação, de medo e mesmo com poucos recursos, os assistentes sociais tiveram presente o sentido de missão e de compromisso solidário que define a profissão — assegurar o acesso das pessoas aos direitos, ao bem-estar e à segurança.