Os sociopatógenos, associados à predisposição hereditária ao diabetes mellitus do tipo 2, requerem uma abordagem psicossocial na condução da doença, que precisa ser compreendida a partir da história da pessoa que vivencia o dia a dia da cronicidade dessa doença, para que sejam estabelecidas ações transformadoras de condutas e redução dos efeitos deletérios da doença. Dentre as diferentes abordagens nos espaços de diálogo em saúde para o alcance das potencialidades dos sujeitos, destacam-se as Rodas de Conversa, considerado um espaço democrático de troca, aprendizagem, inclusão e cooperação dos participantes na construção do processo educativo. É nessa perspectiva que o objetivo desta pesquisa foi refletir sobre a relevância das Rodas de Conversa como dispositivo da dialogicidade pedagógica em um grupo de pessoas com diabetes mellitus do tipo 2. Trata-se de um estudo descritivo, de natureza observacional, realizado com um grupo composto por 58 indivíduos com diabetes mellitus tipo 2, residentes na zona sul da cidade de Manaus, Amazonas. O período de acompanhamento constou de 2 anos. A condução dos encontros por meio de Rodas de Conversa, foi fundamentada no modelo proposto pela Terapia Comunitária e obedeceu às seguintes etapas: acolhimento; escolha do tema; contextualização; problematização e encerramento. A proposta do presente estudo concentra seus fundamentos teóricos na concepção dialógica de promoção da saúde baseada na pedagogia de Paulo Freire, que valoriza as Rodas de Conversa como dispositivo da dialogicidade pedagógica com grupos e comunidades, assim como a Terapia Comunitária. Em cada encontro com o grupo, foi utilizado um gravador de voz para descrição e análise das narrativas, música ambiente proporcionada por violão e canções populares à escolha do grupo. Os encontros de grupo (Rodas de Conversa) foram organizados em 48 sessões, a cada 15 dias, às quintas-feiras. As sessões foram conduzidas por psicólogos, enfermeiras e acadêmicos de enfermagem. Embora o tratamento individual e as intervenções melhoram a qualidade de vida e a eficácia do autocuidado em pessoas com diabetes, as intervenções em grupo são mais custo-efetivas e têm um apelo especial para aqueles que podem ser tentados a retirar-se para a solidão. Os grupos centraram-se num objetivo comum: aprender a lidar com a diabetes a partir do diálogo e da troca de saberes. O método da dialogicidade ganha importância ao conceder aos participantes do processo de ensino e aprendizagem e liberdade de expressão. Conclui-se que pessoas em situação de vulnerabilidade buscam alívio em práticas de cuidados que promovam o bem-estar. Os relatos feitos nos grupos durante as Rodas de Conversa, colocaram em evidência diversas reações, vivenciadas pelos participantes após terem sido diagnosticados com DM2, e suas adequações às novas situações que dizem respeito à doença, a partir dos conhecimentos partilhados nas reuniões do grupo.