Esta dissertação tem início em uma inquietação partilhada por muitos estudiosos: certo interesse na relação entre práticas artísticas e pedagógicas. A partir de um horizonte agonístico, vislumbra-se aqui a indiscernibilidade entre as referidas práticas. Para tanto, aciona-se a obra de Michel Foucault em duas frentes, quais sejam: a partir de alguns ditos e escritos ativados por práticas artísticas; e de uma abordagem específica do político, considerado aqui como efeito na economia de forças. Na primeira de seis seções, afirma-se como problema de pesquisa a investigação das tensões entre o artístico e o pedagógico a partir de seus modos. Na segunda parte, apresentam-se as fontes empíricas, constituídas por registros em pesquisa de campo junto a cinco ambientes de residência artística localizados na capital paulista. Nos dois primeiros capítulos teórico-analíticos, confrontamos alguns dados do arquivo com os princípios de interpretação e mediação. Ambos os princípios são carreados por certa tradição da crítica de arte, uma especificamente fundamentada num princípio hermenêutico. No primeiro deles, os dados de arquivo compreendem a relação entre procedimento e tema nas práticas artísticas, fazendo ver certo caráter artificial no procedimento de interpretação. No segundo, relaciona-se a experiência de imersão no trabalho artístico, no interior das residências, às considerações efetuadas por alguns artistas em relação às práticas artístico-pedagógicas por eles conduzidas, confrontando essa relação com o princípio mediador. O capítulo subsequente atenta ao tônus político da relação entre práticas artísticas e pedagógicas, na medida em que ela eventualmente ensejaria uma alteração na economia de forças. O último capítulo perscruta categorias do pensamento pedagógico em curso no interior da produção das ditas obras de arte. Ao longo do percurso analítico, toma vulto uma outra agonística, esta entre dois modos de pensamento e, por conseguinte, de análise, os quais num primeiro momento apresentavam-se, de maneira estratégica, com fronteiras demarcadas: um representacional e um performativo. Em seu deslinde, a dissertação analisa os dois campos de tensão armados.