Fabricação Digital na Produção de Habitação de Interesse Social no Brasil

Abstract

This paper reports an ongoing research on possible uses of digital fabrication in the production of social housing in Brazil, focusing on Minha Casa Minha Vida Program. We describe the typological characteristics of this program, presenting the definition of rapid prototyping and digital fabrication and its main methods. Then, we present the concept of generative architecture and shape grammar and indicate their possible use in the production of this type of housing in conjunction with digital fabrication. Finally, we highlight the importance of introducing these new technologies in the productive chain of Brazilian civil construction at a time when we need productivity gains to overcome the bottlenecks that today limits the development of the country IntroduçãoNo contexto de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida com o apoio da FINEP, sobre a utilização das TICs -Tecnologias da Informação e Comunicação, na produção de habitações de interesse social, com foco no Programa Minha Casa Minha Vida, nossa universidade tem desenvolvido este trabalho específico de investigação das possibilidades de utilização da fabricação digital nos processos de produção desse tipo de moradia.De fato, o déficit habitacional brasileiro tem se constituído num grande desafio social para o país por décadas e diversas propostas têm sido testadas, muitas delas resultando em verdadeiros desastres urbanos, como é o caso dos grandes conjuntos habitacionais construídos mais intensamente ao longo dos anos 60 e 70 nas periferias das grandes cidades brasileiras.Resultado das formulações do pensamento racionalista e da lógica industrial, baseada na repetição intensiva de um standard como forma de diminuir o custo unitário das habitações, estas soluções se, de um lado revelaram-se efetivas no sentido de atender a uma produção de moradias em larga escala e a custo baixo, de outro, ignoraram, pura e simplesmente, os aspectos humanos e urbanísticos que compõem a questão do morar, produzindo verdadeiros guetos de unidades habitacionais sem qualquer hierarquia de implantação ou identidade distintiva possível ligada a seus moradores.Some-se a isso, a questão do custo da terra, que empurrou para longe a sua localização, esgarçando o tecido das cidades e impondo o custo de construção da necessária infraestrutura para atender a esses novos conjuntos.Este cenário, que já se tornara um clássico na abordagem contemporânea da questão urbana e habitacional no Brasil, induzindo a adoção de outras soluções, voltou ao debate atual, no entanto, tendo em vista o lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida -PMCMV que, surpreendentemente, retomou a mesma lógica dos anos 60 e 70, em que pese ter sido idealizado por um governo formado por críticos do antigo modelo.Desse modo, surgiu a oportunidade desta pesquisa, visando a investigar novas tecnologias que pudessem oferecer soluções alternativas para o alcance das metas do PMCMV, sem repetir os erros do passado, isto é, construir unidades repetitivas nas periferias das grandes cidades, particularmente tendo em conta que a...

Habitação de Interesse Social Generativa: a gramática da forma como instrumento

“…Várias investigações são desenvolvidas com o objetivo de aumentar a qualidade de habitações de interesse social (MITCHELL 2008;BONDUKI, 2008;BUZZAR, FABRICIO, 2010;BRANDÃO 2011;MIRON, MONTEIRO, SILVA, 2019), principalmente aquelas produzidas pelo Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Implementado em março de 2009, o MCMV foi criado com o objetivo de possibilitar que a população com rendimentos de até 10 salários mínimos pudessem ter acesso à moradia (NARDELLI, 2010;RANGEL, 2011). Sendo pensado principalmente para reduzir o déficit habitacional, ao final de um ano o programa também incentivou o crescimento da construção civil e o aquecimento do mercado imobiliário.…”