Falando francamente: uma leitura bakhtiniana do conceito de “inglês como língua franca” no componente curricular língua inglesa da BNCC

Abstract

O presente artigo visa analisar o conceito de inglês como língua franca (ILF) que fundamenta o Componente Curricular Língua Inglesa da Base Nacional Comum Curricular – Ensino Fundamental (BNCC). Para tanto, inicia com a apresentação das principais definições deste conceito polêmico e polissêmico, com ênfase para as primeiras teorizações da década de 80 no âmbito das pesquisas internacionais de modo a culminar nas recentes reconceituações na produção científica brasileira, o que chamo aqui de ILF made in Brazil, evidenciando a natureza refratária, dialogizante e heteroglóssica do signo segundo Bakhtin. Após tecer considerações acerca desses conceitos, o artigo analisa a presença do conceito de ILF no Componente Curricular Língua Inglesa da BNCC, atestando a existência de um conflito epistemológico quando texto introdutório e quadros de conteúdos são confrontados, conflito posto na medida em que a natureza fluida e situada atribuída aos recentes debates sobre ILF entra em choque com a normatividade, consenso e padronização usualmente postos por um currículo nacional comum. À moda bakhtiniana, o artigo conclui em favor da não condenação desse conflito epistemológico na medida em que nele reside o jogo de sentidos e a transformação em potencial no encontro entre professor-sujeito-intérprete e ILF-enquanto-signo, de natureza refratária, dialogizante e heteroglóssica.

Drawing the s(elf): exploring individual repertories through autobiographical illustrations within the English as a Lingua Franca perspective

“…Moreover, Duboc (2019) and Duboc and Siqueira (2020) argue that the way of understanding and working with the concept of ELF in Brazil is different than it is in other places. According to them, the Brazilian research goes beyond the three phases described by Jenkins (2015) because "our ELF studies have departed from the premise of monolingualism as a myth, followed by an urgent need for disinventing the so-called "named languages" (DUBOC; SIQUEIRA, 2020, p. 313).…”

Avaliação No Ensino De Língua Inglesa: Problematizações À Luz Da Pedagogia Histórico-Crítica, Da Teoria Histórico-Cultural E Do Inglês Como Língua Franca

“…Contudo, atualmente, a língua inglesa é a única língua adicional que possui garantia de oferta via documentos normativos na educação básica brasileira (BRASIL, 2018). Apesar do corte na variedade e nas opções de línguas adicionais garantidamente ofertadas nas escolas públicas (DUBOC, 2019), o acesso ao aprendizado de língua inglesa ainda é um marco importante, pois o saber, de modo geral, aqui compreendido como conhecimento em língua inglesa, é uma mercadoria que, por via da escola pública, é oportunizado para todos -mesmo dentro dos limites do capital.…”

Translinguagem e interculturalidade na educação linguística crítica: entre concepções e articulações

“…Contudo, sob o ponto de vista da interculturalidade e da linguagem, esta é uma visão frágil, limitada e que promove apagamentos identitários importantes, aos quais deveríamos resitir. Duboc (2019) aponta como uma das fragilidades no modo como a BNCC apresenta a língua o fato de ela reforçar um "discurso de fracasso" discutido amplamente desde a década passada (DUBOC, 2019, p. 16). É tempo de pensarmos em problematizações outras que possam contribuir para a reflexão sobre o inglês em contexto escolar para que possamos gerar outras narrativas que não as de fracasso na aprendizagem de línguas no contexto escolar.…”