Resumo: Introdução: A atuação ativa do profissional médico em conjunto com o farmacêutico pode auxiliar na garantia de uma efetiva, segura e conveniente farmacoterapia. Para que esses profissionais atuem de maneira colaborativa, é necessário que, durante o processo formativo, os estudantes de Farmácia e Medicina desenvolvam competências clínicas para assegurar um serviço clínico de qualidade, com respeito pela atuação e adequada convivência com outros profissionais. Objetivo: Este estudo teve como objetivos descrever a autoavaliação dos discentes de Medicina e Farmácia em relação às suas competências clínicas, compreendendo suas diferenças e similaridades, e avaliar o desenvolvimento destas durante a graduação. Método: Trata-se de um estudo educacional realizado de maneira remota entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Os participantes eram discentes de Farmácia e Medicina de uma instituição pública de ensino. Realizaram-se entrevistas individuais, e aplicaram-se instrumentos de autoavaliação de competências clínicas. Resultado: Participaram da pesquisa 39 discentes: 18 (46,2%) de Farmácia e 21 (53,8%) de Medicina. Os estudantes de Farmácia avaliaram-se positivamente quanto às atividades relacionadas às competências clínicas, salvo a implementação de um plano de cuidado e a identificação de pacientes em risco de doenças prevalentes. Quanto ao currículo, o curso avaliado possui três disciplinas que abordam o desenvolvimento de competências clínicas. Dessas, os discentes relataram ter desenvolvido conhecimento científico, atualização do conhecimento científico e comunicação efetiva. Os estudantes de Medicina avaliaram-se positivamente em relação às suas competências clínicas, com exceção daquelas relacionadas ao diagnostico diferencial, à discussão com equipe de saúde e à identificação de falhas no sistema de saúde. O currículo do curso apresenta 11 disciplinas voltadas para o cuidado, e os alunos associaram disciplinas de cunhos sociais ao cuidado centrado na pessoa. As competências desenvolvidas destacadas foram empatia, compaixão, integridade e respeito, comunicação efetiva e anamnese, e obtenção de informações socioculturais. Ademais, os estudantes de ambos os cursos relataram contato escasso com outros profissionais de saúde. Conclusão: Os discentes avaliados apresentam diversas inseguranças, principalmente relacionadas às habilidades clínicas que exigem prática. Apesar disso, os estudantes de Medicina demonstraram maior apreensão de soft skills, o que pode facilitar a criação de vínculos com os pacientes e resultar na qualidade do cuidado.