Em função da velocidade com que a COVID-19 se expandiu, e da extensão com que atingiu a população brasileira, foi necessário um esforço sem precedentes dos laboratórios clínicos para oferecer testes diagnósticos adequados. O conhecimento dos métodos laboratoriais disponíveis para o diagnóstico da infecção e pós-infecção pelo SARS-CoV-2 é fundamental para o manejo da pandemia. Dessa forma, essa revisão tem por objetivo apresentar uma atualização sobre os principais testes diagnósticos usados no momento, seus princípios bioquímicos, aplicações e limitações. Tradicionalmente pouco utilizados para investigação de infecções de trato respiratório, os testes sorológicos são hoje amplamente empregados para o diagnóstico de COVID-19; com custo inferior (comparado aos testes moleculares) e relativa rapidez para liberação de resultado. A sorologia é um exame importante para apoio à decisão diagnóstica, principalmente nos pacientes em período pós-convalescência, e num contexto epidemiológico, para avaliação da soroprevalência na população. Aspectos como a dinâmica da produção dos anticorpos e seu papel na imunização contra a COVID-19 ainda carecem de investigação para que haja maior compreensão e interpretação dos dados. O diagnóstico padrão é feito por métodos moleculares, principalmente por PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real. A presença do vírus é avaliada pela existência do RNA viral na amostra respiratória; portanto, duas grandes limitações do teste molecular são a qualidade da coleta e a conservação da região genômica alvo do ensaio molecular. Apesar de serem comparativamente mais caros, os testes baseados em PCR são os que apresentam maiores sensibilidade e especificidade no diagnóstico da COVID-19; melhorias processuais e validação de reagentes alternativos foram incorporadas ao fluxo do exame, viabilizando o oferecimento. Uma nova abordagem para o diagnóstico da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 por meio da detecção de proteínas virais por proteômica direcionada baseada em espectrometria de massas foi recentemente descrita por nosso grupo. Apesar de não alcançar a sensibilidade do teste de PCR, visto que as proteínas não podem ser multiplicadas como os ácidos nucleicos, o novo teste facilita a logística de coleta e transporte das amostras. Foi verificado que as proteínas são mais estáveis, permitindo o diagnóstico mesmo após o armazenamento das amostras em temperatura ambiente, possibilitando assim o envio de amostras de locais remotos.
Unitermos: SARS-CoV-2. COVID-19. Diagnóstico laboratorial. Testes sorológicos. Diagnóstico molecular.