RESUMOEste estudo analisou as vulnerabilidades e as necessidades de acesso à saúde sob a perspectiva de adolescentes escolares. Trata-se de pesquisa de abordagem quantitativa desenvolvida no município de Contagem-MG, com 678 adolescentes escolares entre 14 e 15 anos de idade que responderam a um questionário sobre vulnerabilidades e acesso em saúde na adolescência. Realizou-se análise descritiva estratificada por sexo. Do total de adolescentes participantes do estudo, 81,7% consideraram seu estado de saúde ótimo/bom, 33,8% definiram saúde como bem-estar, 27,1% mencionaram já ter iniciado sua vida sexual, 28,8% informaram nunca/raramente utilizar preservativo, 21,2% declararam utilização de tabaco ou bebida alcoólica. Figuraram como prioridades de acesso à saúde as consultas médica (51,6%) e odontológica (46,8%), seguidas das ações geralmente realizadas pela enfermagem, como avaliação de peso/altura (41,9%), vacinação (37,9%) e grupos educativos (26,4%). Os resultados demonstram a necessidade de ampliar as ações realizadas na Atenção Primária à Saúde, para que seja favorecida uma maior adoção de práticas protetoras entre os adolescentes diante dos contextos de vulnerabilidades à saúde prevalentes nessa faixa etária.
INTRODUÇÃOA vulnerabilidade compreende a chance de exposição do indivíduo e da coletividade aos possíveis agravos à sua saúde. Na adolescência, as vulnerabilidades agravam-se diante das barreiras para um adequado acesso dos adolescentes às tecnologias, serviços e conhecimentos necessários para o reconhecimento e proposição de ações para lidar com questões associadas à sua saúde (1) . É importante destacar que o conceito de acesso à saúde toma por base não somente as dimensões relacionadas ao aspecto geográfico e financeiro, mas os aspectos cultural, educacional e socioeconômico, além de incorporar a informação e aceitabilidade do indivíduo para a tomada de decisões em saúde. Ademais, entende-se que o acesso à saúde está intimamente relacionado ao empoderamento, de forma que a própria população perceba sua necessidade de saúde (2) . A promoção da saúde, por sua vez, é um processo pelo qual as pessoas são habilitadas a melhorar sua saúde e aumentar o controle sobre ela (2) . Nessa linha, acredita-se que a elaboração e implementação de políticas públicas de promoção da saúde, baseadas em ações, abordagens e articulações intersetoriais, o reforço da ação comunitária, o desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação dos sistemas e serviços de saúde são estratégias que favorecem o acesso à saúde e o enfrentamento das vulnerabilidades.No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o recente Programa Saúde na Escola (PSE) têm o compromisso, em nível local, de programar e desenvolver ações que visam reduzir ou suplantar as vulnerabilidades prevalentes na adolescência, por exemplo, ações para a