Acredita-se que a posição do indivíduo na vida, especialmente no contexto cultural e nos sistemas de valores, define a sua qualidade de vida e bem-estar. Investigou-se a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes entre 10 e 12 anos, socioeconomicamente desfavorecidos, e a sua percepção de pobreza. Trata-se de estudo Quanti-Quali, utilizando o questionário Kidscreen-52 e entrevista acerca do entendimento sobre pobreza. Realizou-se análise estatística descritiva (quantitativo) e foram criadas categorias considerando as entrevistas (qualitativo). Nos resultados do Kidscreen-52, as dimensões sentimentos e auto percepção tiveram as maiores pontuações, indicando bons sentimentos e satisfação em relação a si mesmos. Em contrapartida, a dimensão estado emocional teve o menor valor, sendo maior apenas que aspectos financeiros. Ainda assim, os resultados mostram que os participantes quase sempre estão bem emocionalmente, embora o desvio padrão elevado indique uma oscilação importante na amostra, uma vez que o menor resultado está relacionado com o sentimento de tristeza. Quanto à percepção de pobreza, foram encontradas três categorias: a aparência exterior determina a condição financeira ou de vida; a identificação com o outro está relacionada à aparência externa e o consumo diferencia o rico do pobre. Os participantes avaliaram as situações de pobreza e riqueza, considerando suas impressões do mundo, algumas vezes, movidos por estereótipos e, outras, pela própria observação das condições de vida, as quais estão submetidos; conseguem visualizar situações positivas em suas vidas, como o convívio com os pais e o sustento atendido por eles, observando-os como principal meio para conquistar aquilo que desejam. Concluiu-se que a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes estão relacionados à percepção da pobreza, sendo necessário um novo olhar que valorize os aspectos físicos, econômicos e psicológicos, baseado na percepção dos próprios protagonistas.